O caso de uma fábrica de disjuntores e produtos elétricos de baixa e média tensão reformada pela multinacional francesa Schneider Electric, em Guararema (SP), em 2013, é o retrato do que vem acontecendo com o Brasil. “Investimos dezenas de milhões de euros e nos preparamos para um grande crescimento. Mas a crise econômica atrapalhou os planos”, diz Tania Cosentino, CEO da Schneider Electric para a América do Sul. Some-se a isso, a alta carga tributária, a baixa qualificação profissional, os problemas de logística e a greve dos caminhoneiros para deixar a matriz de cabelo em pé. “A vantagem é que estamos no Brasil há 70 anos e eles sabem do potencial do País”, diz Cosentino. Mesmo assim, fica cada vez mais difícil explicar as peculiaridades nacionais para os estrangeiros.

 

O futuro chegou?

Dona de um faturamento global de E 25 bilhões e mais de 150 mil funcionários, a companhia tem apostado boa parte de suas fichas na indústria 4.0. E o conceito também é adaptado nas chamadas cidades inteligentes, nas quais tudo pode ser controlado via sensores eletrônicos. E advinha qual é a primeira cidade sul-americana em que o grupo deve iniciar um trabalho de aproximação? Não, não é São Paulo, a maior metrópole do continente. “Vamos nos encontrar com o prefeito de Medellín, na Colômbia, para discutir isso”, diz Cosentino. “Ainda não há esse tipo de discussão no Brasil.”

 

Sem diferenças

A outra batalha da executiva é diminuir a diferença salarial entre homens e mulheres dentro da organização, e também trabalhar pelo empoderamento feminino e diversidade. “Atualmente, 20% dos cargos de alta gestão na companhia no mundo todo são ocupados por mulheres. A meta é alcançarmos 30% até 2020”, diz Cosentino. “O que não está na agenda de um CEO não acontece. Por isso, isso tem de estar na nossa agenda.” Em relação às diferenças salariais, entre homens e mulheres a média atual no continente sul-americano é de 2%. No setor, os homens costumam ganhar 30% a mais do que as mulheres que ocupam os mesmos cargos. “Hoje, 42% de nossas contratações são de mulheres.”

(Nota publicada na Edição 1073 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Machado da Costa e Márcio Kroehn)