Está consagrada a era do parlamentarismo branco no País. E não se atribua a qualquer golpe oportunista tamanha guinada de gestão por essas bandas. Parte do mandatário Bolsonaro, com a inabilidade política e os sinais trocados que emite, principalmente nas negociações com o Congresso, parcela significativa da culpa por essa situação. As idas e vindas no capítulo dos vetos ao orçamento impositivo deram o tom dos erros. Messias, até quando era parlamentar, endossou a ideia de tirar do Executivo o controle e poder de decisão sobre fatia gorda dessa verba. Negociou a seguir, já no Planalto, um acordo. Voltou atrás. Tornou a colocar a culpa nos antigos pares do Legislativo. Os ameaçou protagonizando até uma convocação para protestos de rua, nas redes sociais, em clara prática de crime de responsabilidade por incitar guerra de poderes. Recuou de novo. Propôs novo acerto. Um rateio da bufunfa que soma mais de R$ 30 bilhões. Nos bastidores, insistiu nas bravatas. Disse estar sendo chantageado. O assessor e ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, endossou a falácia e saiu à provocação. Mandou um sonoro “foda-se” aos pseudoamotinados da Câmara e do Senado. Com essa posição fechada no Planalto, Messias perdeu e segue perdendo credibilidade, em meio ao festival de hesitações que exibe. O Congresso se agigantou nos últimos tempos e cobra a fatura. Controla a pauta e nota a fragilidade de um Executivo que não sabe articular entendimentos. A agenda nacional passou, em definitivo, às mãos dos parlamentares. Eles ditam o que é importante ou não. Bolsonaro segue refém. Lamenta por demandas laterais, como a de seus pedidos por aumento no número de pontos na carteira de motorista antes da cassação e pelo fim dos radares nas estradas. Ele decerto faz pouco caso e dá de ombros para temas mais relevantes como as reformas administrativa e tributária. O “mito” diz não entender dos assuntos, mas na verdade não quer se meter e se comprometer com bandeiras tão caras e, de certa maneira, indigestas a sua claque de apoiadores que conta, entre outros, com servidores públicos. O capitão reformado entregou assim ao Legislativo, de mão beijada, a prevalência sobre a agenda nacional. Não adianta muxoxos e lamentos nos bastidores. O Brasil gastou um tempo enorme discutindo, em vão, o destino dos famigerados R$ 30 bilhões enquanto o governo arrecadou R$ 1,57 trilhão e segue pensando em aumento de impostos para atender a vinculações orçamentárias e custos da máquina inchada. O real problema é posto de lado enquanto prevalece o jogo de cena político que transforma o Congresso em protagonista e o Executivo em mero marionete.