O engenheiro civil Alain Rossmann, nascido na França há 44 anos, é uma figura peculiar no Vale do Silício. Ele chegou para trabalhar na Apple em 1983 e ficou conhecido, nos 15 anos seguintes, como um inovador tecnológico divorciado do sucesso. Primeiro tentou desenvolver um sistema de compressão digital. Falhou. Depois, lançou um computador de mão que funcionava com um caneta especial. Fiasco. Ele se considera uma serial entrepeneur, um empreendedor compulsivo, e isso explica por que não desistiu até acertar a mão. ?É uma coisa estúpida. Jamais vai funcionar?, ouviu em 1994 de um executivo de uma grande empresa de comunicação, quando procurava patrocinadores para seu projeto: colocar na tela do aparelho celular o conteúdo da Internet. ?As pessoas não vão querer ver numa tela minúscula, sem cores, o que estão acostumadas a ver no PC?, concluiu o executivo, fechando o cofre.

Seis anos depois, Rossmann pode dizer que transformou aquele quase fracasso na próxima onda da Internet. Perto de 25 milhões de pessoas no mundo recebem hoje nos seus celulares uma parte do conteúdo que antes recebiam em seus computadores. Para os próximos cinco anos, a perspectiva é de crescimento de 80% na base de usuários. Eles procuram coisas como valor de ações, previsão do tempo e confirmação de reservas de vôos ? informações que às vezes precisam estar ao alcance das mãos, mesmo que o computador esteja longe. A tecnologia que permitiu à Internet libertar-se dos fios é chamada WAP, Wireless Application Protocol. Hoje Rossmann é CEO da Phone.com, empresa que fatura US$ 87 milhões por ano e vale US$ 7,6 bilhões na Bolsa. Em torno da sua tecnologia, ele conseguiu reunir os maiores fabricantes de celulares do mundo. Durante um encontro sigiloso na Suécia, em 1997, convenceu a Santíssima Trindade ? Ericsson, Motorola e Nokia ? a investir na adoção de um padrão único para o navegador de celulares. Isso evitou que a Phone.com tivesse que enfrentar uma ?guerra de navegadores?. O produto da Phone.com não é o único para celulares, mas abastece 80% do mercado. Por pouco tempo. A Docomo do Japão já tem navegador próprio. A Oracle prepara o seu e a Microsoft anunciou para 2001 sua versão do WAP, que será opcional nos celulares da Ericsson. O próximo desafio para Rossmann é provar que a Phone.com tem condições de enfrentar a concorrência. Diz o empreendedor: ?Eu gosto de me antecipar com novas idéias. Há um risco nisso?.