Moreno: assumindo o posto de CEO para a América Latina e Caribe em outubro, o executivo vai conduzir a abertura de 13 hotéis em menos de dois anos (Crédito:Gladstone Campos)

Em sua primeira visita ao Brasil, o mexicano Alejandro Moreno chegou, em 1992, ao Rio de Janeiro. “Em Copacabana, vendo a névoa subindo, pensei: meu Deus, que lugar lindo”, diz. Depois de uma carreira de 25 anos no setor hoteleiro, ele assumiu no dia 1º de outubro a posição de presidente do grupo Wyndham para a América Latina e Caribe. E diz que ainda não se acostumou com a beleza da Cidade Maravilhosa. “Ela nunca deixou de me impressionar.” À frente da região que mais cresce do maior grupo hoteleiro do mundo em número de hotéis, com mais de 8,1 mil unidades e US$ 5,6 bilhões de faturamento em 2016, ele tem a difícil missão de ajudar a estimular o Brasil a cumprir parte de seu imenso potencial turístico. E, claro, trazer mais receita para empresa. “O Brasil deveria ser um dos principais destinos do mundo”, diz. “Mas, infelizmente, a insegurança é o maior problema.” É verdade. O Rio de Janeiro, que ele tanto aprecia, está vivendo uma crise de segurança aguda, com guerras entre traficantes e a presença de militares nas ruas. Mas Moreno, olhando para a frente, quer ajudar a virar esse jogo a favor do turismo.

O executivo promete dividir sua atuação, na maior parte do seu tempo, entre a sede regional, na Argentina, e o escritório principal, em São Paulo. Em 2013, a rede atingiu a marca de 100 hotéis na América Latina, e, neste ano, já superou 200. O ritmo acelerado continuará, com a previsão de 70 novas unidades e 9 mil quartos para a região nos próximos dois anos. No Brasil, a promessa é estar em todas as cidades mais importantes. Atualmente, são 34 hotéis das bandeiras Wyndham, Wyndham Garden, Ramada, Ramada Encore, Tryp, Super 8 e Days Inn, dentre as 18 que o grupo administra. No Nordeste, possui resorts em Maceió. No Sul, está em cidades turísticas, como Gramado (RS) e Foz do Iguaçu (PR).

Grand hotel: (foto inicial) unidade chinesa do Wyndham Grand, a mais sofisticada bandeira do grupo e que está em estudo para chegar ao Brasil, que já tem resorts em Alagoas (acima)

E, no Rio de Janeiro, são dois Ramadas na zona oeste da cidade. Mas o número de marcas vai aumentar em breve. A bandeira Baymont, de nível intermediário e com preços promocionais, deve aportar no País, começando por Brasília, ainda neste ano. Dentre os hotéis a serem inaugurados nos próximos meses estão um Super 8, em Guaíba (RS), o executivo Ramada, em Osasco (SP) e São Paulo, e um Wyndham Garden, em Ribeirão Preto (SP). Para 2018, estão previstos oito Ramadas, a serem construídos pela mineira Vert, uma das principais parceiras do Wyndham no Brasil. Está em estudo ainda trazer um Wyndham Grand, a mais imponente e luxuosa bandeira do grupo. Ou seja, pelo menos, 13 novos hotéis devem ser inaugurados até o fim do próximo ano. “O potencial do Brasil é muito grande”, diz Moreno.

Por enquanto, a empresa se beneficia das pessoas que, por causa da crise e da desvalorização do real nos últimos anos, deixaram de viajar para o exterior para fazer turismo interno. A receita por quarto disponível do Wyndham – medida usada pela indústria hoteleira pra medir o faturamento dos hotéis – cresceu 14% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2016. Uma leve recuperação no setor corporativo também tem ajudado, já que algumas cidades importantes como São Paulo e Belo Horizonte têm mais da metade de seu movimento por conta de viagens de negócios. Segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), o setor registrou crescimento de 10,2% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. “Sem dúvida, o cenário está um pouco mais animador, apesar da situação política”, diz Rubens Schwartzmann, presidente do conselho de administração da Abracorp.

Multiplicação: o grupo americano possui 34 hotéis no País, todos construídos por meio de franquias, incluindo os de Gramado (RS) e Foz do Iguaçu (PR)

A estratégia de expansão do Wyndham não prevê apenas a abertura de novas unidades. Na Argentina, o grupo adquiriu a rede Fën, em dezembro do ano passado, e começou a testar uma nova estratégia. A rede administrava alguns hotéis da marca Wyndham e isso vai dar início a um programa de gestão própria de certas unidades, uma novidade na região. Até então, o grupo atuava na América Latina apenas por meio de franquias, com construtoras locais que desenvolviam e administravam os hotéis. Agora, esse plano vai se espalhar para os principais países da América Latina, em especial, para o Brasil e para o México. E isso deve acontecer logo. Em especial, com os maiores hotéis. A expectativa é a de ganhar mais força e ajudar a divulgar os destinos no exterior. Até para que outros estrangeiros possam ter um dia, como Moreno, a surpresa de conhecer o lado maravilhoso do Rio.