A agonia das montadoras não reflete, com precisão, a realidade de todo o mercado automobilístico brasileiro. O segmento de aftemarket automotivo — ou seja, de peças de reposição — movimenta anualmente R$ 100 bilhões no Brasil. E está em crescimento. Por isso, o Grupo Universal Automotive Systems tem mexido as peças no concorrido mercado para ampliar a sua participação. Depois de faturar R$ 300 milhões em 2021, a companhia comandada pelo CEO André Belfort prevê aumentar em 66% as vendas este ano, para R$ 500 milhões, com a aposta principalmente em pessoas e em tecnologia. “Quando falo em pessoas tem a ver com trazer profissionais certos para as divisões corretas. A forma de vender dentro da distribuição é diferente da realizada no varejo, que é diferente da praticada por instaladores e aplicadores”, disse o executivo. “Já automações e tecnologia envolve mobilidade e investimentos no ambiente logístico, por exemplo, com mais ferramentas adequadas.”

A expansão do portfólio tem sido importante impulsionador para os negócios. Fundado há 45 anos, o Universal focou as ações, inicialmente, na distribuição de maçanetas e fechaduras, mas visualizou novas oportunidades ao longo das décadas. Além de distribuir, passou a fabricar produtos, ampliando para outras linhas do segmento, lançando e adquirindo marcas. Já são pelo menos 27 mil os itens disponibilizados aos clientes. O comercializado atende 48 montadoras no Brasil e o mercado internacional. De veículos leves a pesados. Já as marcas pertencentes à companhia cresceram de cinco para oito.

Em 2022, o radar está direcionado para a consolidação das marcas existentes, com destaque à UNI1000 (linha de químicos) e à Electric-Life (linha de lâmpadas e elétrica), mais recentes. “É um processo de eu deixá-las maturando ao longo do ano. E, no final de 2022 ou início de 2023, entrar com uma nova marca e uma nova linha.” Os lançamentos ainda não estão definidos, mas a companhia segue atenta às movimentações das montadoras em relação a novos modelos. A ideia é identificar quais são os componentes desses veículos, possíveis mudanças e adaptações, para a atualização do portfólio. “Temos procurado acompanhar o processo de evolução dos carros elétricos. É um ramo que vale a pena ser observado.”

Além da atenção ao mercado nacional, principalmente em veículos com no mínimo dois anos de uso, o grupo prevê crescimento nas operações internacionais, especialmente na América Latina. O Universal Automotive tem negócios em ao menos 20 países e prevê crescimento de 80% nas vendas ao exterior este ano. “Comercializamos R$ 25 milhões no ano passado e a meta é alcançar R$ 45 milhões”, disse o executivo. A Argentina é o maior mercado da região, seguida por Uruguai e Colômbia, respectivamente.

ESTRATÉGIA PARA 2022 André Belfort mira ampliar as vendas ao mercado internacional em 80%, de R$ 25 milhões em 2021, para R$ 45 milhões.

O projeto de crescimento da companhia inclui ainda estratégias de marketing. O grupo fechou no ano passado — e segue vigente — uma parceria com personalidades do automobilismo brasileiro, casos de Paulo Gomes, Chico Serra e Ingo Hoffmann. Juntos, os três somam 19 títulos como pilotos na Stock Car. Neste ano, o planejamento inclui a Copa do Mundo do Catar de futebol. A estratégia é ter embaixadores para representar a empresa. Estrelas como os pentacampeões Cafu e Denílson estão na mira. “Estamos lidando com duas paixões nacionais: carros —e consequentemente peças — e futebol. Esse processo deve ser concluído em breve.”

Os investimentos previstos na temporada envolvem R$ 10 milhões, “nota 10 para o mercado de reposição”, segundo Belfort. Além do montante direcionado a marketing, estão previstas intervenções físicas, como a ampliação de um anexo ao prédio industrial da empresa, em Osasco, para acomodar mais estoque, e a abertura de um centro de distribuição em Itajaí, Santa Catarina, que irá se juntar aos dois já existentes nos estados de São Paulo e Goiás.

O grupo tem 800 colaboradores no Brasil. Mais de 300 vendedores fomentam negócios para a companhia, que viu o mercado aquecido mesmo durante a pandemia. “O aftermarket de uma forma geral segue na contramão do mercado novo, que sofre com taxas de juros aumentando, restrição de crédito e de componentes eletrônicos. Continua quente.” E ao que tudo indica o quebra-cabeça do Grupo Universal Automotive Systems parece ganhar forma e atrair cada vez mais a atenção dos apaixonados por veículos.