Há 40 anos, o diretor de cinema Roman Polanski foi indiciado em Los Angeles por crimes como estupro com uso de drogas, perversão e sodomia com uma adolescente menor de idade. Seguem abaixo os principais fatos sobre o caso:

– Os fatos –

Em 11 de março de 1977, Roman Polanski (então com 43 anos) foi detido, acusado de ter drogado e estuprado no dia anterior a adolescente Samantha Gailey, de 13 anos, durante uma fotorreportagem na mansão de Jack Nicholson, em Hollywood.

Um dia depois de uma primeira sessão, Polanski voltou a procurar Gailey para um segundo encontro de trabalho, com a autorização de sua mãe, conforme a ata de acusação.

Em suas “Memórias” (1984), o diretor de cinema reconhece uma relação sexual, mas rejeita o estupro. A adolescente comemorava ter sido aceita na escola no grupo de quem sabia “se divertir, beber e tomar anfetaminas”, escreve ele.

“Fui fotografada por Roman Polanski, e ele me estuprou”, testemunhou em um livro Samantha Gailey, atualmente Geimer, seu sobrenome de casada.

Frente a um grande júri, ela afirmou em 1977 que Polanski lhe deu um sedativo antes de fazer sexo com ela. “Não queria me vitimizar (…), mas não entendia que era jovem demais. Não via que eu tinha medo”, desabafa.

– O processo judicial –

Polanski é solto da prisão, após pagar uma fiança de 2.500 dólares. Condenado por estupro no dia 24 de março, declara-se inocente.

No início de agosto, para evitar um julgamento público, reconheceu ter tido relações ilegais com uma menor e, em troca, o juiz abandonou a acusação de estupro com fornecimento e consumo de drogas. Um acordo judicial foi alcançado com o consentimento da família.

Polanksi foi condenado a 90 dias de prisão. Uma perícia psiquiátrica concluiu que não existe perigo. Após 42 dias, ele é liberado por comportamento exemplar.

Às vésperas da audiência para homologar o acordo, o juiz mudou de ideia, porém, considerando que a sentença era insuficiente. Em 31 de janeiro de 1978, Polanski parte com destino a Paris, e a Justiça americana lança uma ordem de captura internacional.

– Perdão e desculpas –

Em agosto de 1994, depois que Polanski encerrou uma ação civil pagando 225.000 dólares a Samantha Geimer e em que a pena máxima havia sido reduzida para quatro anos, o promotor o convocou para o tribunal.

Samantha Geimer, a quem o cineasta enviou diversas cartas pedindo desculpas, pediu em diferentes ocasiões o encerramento do caso.

– Sequelas na Suíça e na Polônia –

Durante suas viagens ao exterior, a Justiça americana tenta prender Polanski. França e Polônia (Polanski possui dupla cidadania) se negaram a extraditá-lo.

Em 26 de setembro de 2009, foi detido durante um festival em Zurique. Passou dois meses preso e depois outros oito em prisão domiciliar em sua casa em Gstaad. Em julho de 2010, a Suíça finalmente rejeitou o pedido de extradição.

Em 2014, é detido em Varsóvia. A Polônia rejeita sua extradição, mas em 2016 o governo conservador reabre o caso, encerrado pela Suprema Corte no final daquele ano.

Em agosto de 2017, um juiz de Los Angeles se recusa a encerrar o caso, conforme solicitado pelo acusado e por sua vítima.

– Após três acusações de estupro –

Em pleno Festival de Cannes em 2010, a atriz britânica Charlotte Lewis acusou o cineasta de ter “abusado sexualmente” dela quando tinha 16 anos, em uma audição organizada em sua casa, em 1983.

Em agosto de 2017, outra mulher, identificada como “Robin”, acusou-o de uma agressão sexual quando ela tinha 16 anos, em 1973.

Em setembro de 2017, Renate Langer, uma ex-atriz, apresentou queixa por estupro, afirmando que foi violentada em 1972 em Gstaad, quando tinha 15 anos. Dois meses mais tarde, a Justiça suíça declarou que essas acusações prescreveram.

As acusações das três mulheres “não têm fundamento”, afirmou o advogado do cineasta.

– Excluído do Oscar –

Logo depois do “caso Weinstein”, Polanski renunciou a presidir a premiação do César na França, em 2017, diante da pressão das feministas.

Em 3 de maio de 2018, foi excluído pela Academia do Oscar. Membro da Academia desde 1968 e ganhador de três Oscar com “O pianista” em 2003, apelou da decisão.