O ecossistema de inovação do agro é um dos mais desenvolvidos e variados do Brasil. É isso que aponta a recém-lançada edição 2020/2021 do Radar AgTech, um extenso mapeamento das startups que desenvolvem soluções para o campo. De cara, os números são impressionantes: são 1.547 empresas atuando no país.

A edição anterior do estudo, de 2019, apontava 1.125 startups. Os números não podem ser comparados diretamente, por conta de uma mudança na metodologia. Mas o desenvolvimento do setor é claro e indica que há um interesse crescente dos próprios empreendedores em olhar para o campo e tentar solucionar as dores dos produtores.

A diversidade de soluções criadas também é grande. O foco de 718 startups está depois da fazenda, segmento que inclui, por exemplo, os alimentos inovadores, como todas as proteínas “plant based” que vem chamando tanto a atenção do mercado. Outras 657 empresas desenvolvem serviços e produtos para dentro da fazenda. Entram aqui os softwares de gestão, de monitoramento do plantio e as plataformas que integram dados de diversas fontes.

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Só o setor de soluções antes da fazenda, que envolve o desenvolvimento de sementes e a genômica, é bem menor que os outros: são apenas 199 empresas mapeadas. É compreensível. Em muitos casos esse tipo de solução envolve um alto investimento inicial para a instalação de laboratórios.

O Radar também mostra que a maior parte das empresas está concentrada em São Paulo: são 757 empresas no Estado, 345 delas estão na capital paulistana. A cidade já tem um ecossistema de inovação bastante desenvolvido e é referência em outros setores, como o das fintechs. O Estado também tem outros pólos importantes de inovação, como o chamado Agtech Valley, em Piracicaba.

Mas fica claro que as startups estão distribuídas por todo o território nacional. Novos hubs têm surgido em regiões de tradição agrícola e o resultado é o fomento da inovação bastante alinhada com as demandas e necessidades dos produtores locais.

Embora os dados apresentados até agora sejam positivos, há uma área desse ecossistema que fica muito atrás de outros segmentos da inovação no País: os investimentos. Mesmo em países com ambientes mais desenvolvidos, as agtechs ainda atraem poucos recursos. Foram US$ 30,5 bilhões investidos globalmente no setor no ano passado.

E o Brasil, mesmo sendo um dos maiores produtores agrícolas do mundo, não recebe investimentos proporcionais nas startups do agro. Nem aparece entre os 15 principais países em recursos captados. A situação está mudando. E ferramentas como o Radar Agtech podem ajudar a mostrar aos investidores a riqueza desse ecossistema.