Depende do business plan. Enquanto algumas empresas tomam o centro do palco, outras ficam nos bastidores das operações. E decididamente isso não as impede de ter faturamentos bilionários e grandes ambições. A Tempo está nesse segundo bloco. Prestadora de serviços para as seguradoras, é uma dessas companhias low profile no posicionamento, mas bem agressiva na performance — que fez alcançar o faturamento de R$ 1 bilhão. Além disso, já tem mais de 25 mil parceiros no País, 3,9 milhões de serviços prestados por ano, mais de 2,9 milhões de usuários e cerca de 2,5 mil colaboradores. E novidades no horizonte.

A empresa agora quer utilizar o conhecimento agregado pelo mercado de seguros para expandir a prestação de serviços em outro segmento, o mercado de montagem de móveis para grandes varejistas. Pode parecer estranho ver afinidade entre serviços a seguradoras e o mundo mobiliário. Não para a Tempo. “Nosso sucesso de expandir serviços de assistências nos aproximou do varejo, que tem um balcão muito forte para essas atividade”, disse à DINHEIRO João Carlos Armesto, vice-presidente Comercial e de Marketing da companhia.

Para o novo projeto, que embarca novas tecnologias na empresa, foram investidos R$ 60 milhões, gerados 600 postos de trabalho diretos e mais de 5 mil indiretos, como prestadores de serviços terceirizados para a montagem dos móveis, segundo estimativas da empresa. A nova abordagem envolve riscos. Para Eduardo Tomiya, especialista em marketing e fundador da TM20 Branding, um obstáculo que a Tempo enfrenta nessa nova expansão com um grande investimento é o de stretching (extensão) da marca, que é quando a bandeira principal se utiliza da sua reputação para entrar em um novo mercado. É necessário tomar cuidado para que os novos serviços prestados não interfiram na imaghem do core inicial. De toda forma, segundo o especialista, “no caso da Tempo não vejo um risco enorme nesse processo”.

Marcelo Aniza

“Nosso sucesso em expandir serviços de assistências nos aproximou do varejo, que tem um balcão muito forte para a atividade de montagem de móveis” João Carlos Armesto, vice-presidente da Tempo.

A nova incursão já traz parceria com a ViaVarejo. Uma vaga no processo de concorrência para prestador de serviços de montagem de móveis da varejista rendeu grandes desafios e desde então os processos das duas companhias estão em fase de integração. A solução tem tido bons resultados e o corpo executivo da Tempo decidiu lançá-la como opção para outros players do mercado de varejo de móveis. A ferramenta vai ajudar a conectar nacionalmente lojas físicas, virtuais e sites da indústria de móveis a uma rede de montadores credenciados.

PLANOS Em cinco anos, a Tempo pretende dobrar seu faturamento e alcançar R$ 2 bilhões até 2027. Para isso, o foco está na expansão da nova solução digital para varejistas, oferecendo não somente serviços de conveniência para o mercado de móveis, mas também replicando e ampliando a outras linhas. “A ideia é conseguir atender toda a cadeia de serviços com a mesma qualidade”, disse Armesto. Segundo ele, o negócio de montagem de móveis já representa 20% do faturamento da empresa, mas em um futuro próximo a expectativa é que a representatividade seja maior e ultrapasse os 40%.

Como objetivo em comum este ano, a empresa ainda pretende manter os investimentos na atividade que ainda traz a maior parte de seu faturamento, a prestação de serviço para as seguradoras, adicionando a carga de experiência trazida pelo novo negócio de montagem de móveis. Uma espécie de curva e aprendizagem invertida. Além disso, a tecnologia embarcada no novo projeto também deve ajudar a melhorar os processos e serviços dessa área. “A indústria de seguros também está crescendo e com isso vamos ser cada vez mais eficientes e competitivos”, afirmou o vice-presidente.