No início eram idéias. Qualquer uma valia, desde que tivesse um www no começo. Na segunda fase, projeto bom era aquele que conseguisse a maior audiência possível. Acreditava-se que isso, algum dia e de alguma forma, seria revertido em cifras. Mas as crises na Nasdaq e as primeiras quebradeiras virtuais fizeram com que o dinheiro ficasse mais arisco. Agora, começou a terceira fase de investimentos na Internet. Procura-se bons planos de negócio. Idéias capazes de produzir lucros na Internet. Dinheiro existe, aos montes. Em junho, surgiram quatro novas empresas financiadoras no Brasil. Descontadas as diferenças gramaticais, incubadoras, aceleradoras e holdings trouxeram ao País mais US$ 200 milhões, nos últimos 60 dias, para serem investidos na rede. ?Já se comprou muito gato por lebre. Hoje, estamos em busca de empresas e não de sites?, explica Sérgio Cavalcanti, diretor-geral do Europ@Web. O fundo chegou ao Brasil, após ter investido US$ 500 milhões em sites pelo mundo. É um negócio que quer ser tão sólido quanto os demais empreendimentos de Bernard Arnault, empresário francês que controla um império de marcas que inclui Luis Vuitton, Moët & Chandon, Kenzo e Tag Heuer. Certamente, Arnault não entrou no jogo para perder. No Brasil, já investiu no Submarino e Lokau. E, neste momento, procura novos parceiros. ?Precisamos de modelos sólidos. Empresas que serão vencedoras?, diz Cavalcanti. Um dos pontos fundamentais, ressalta, é que a administração da pontocom tenha vínculos com o mundo físico. Ou seja, um site de logística deve obrigatoriamente ter profissionais da área, que conheçam a concorrência e o mercado.

Nada diferente dos projetos que estão sendo garimpados no mercado pelo Btoben.com, outro fundo de Internet que desembarcou há um mês no Brasil. Com US$ 30 milhões para gastar ? e o desejo de alavancar 15 projetos no País ?, a holding é a única que só investe em business-to-business. ?O valor da rede vai se concentrar no comércio entre empresas?, afirma Peter Mintzberg, diretor da holding. ?Cerca de 80% do faturamento total da Web virá deste modelo.? Além deste requisito, informa Mintzberg, os negócios a receberem aporte de capital devem ser sustentáveis: com receita desde o princípio e lucro em, no máximo, dois anos.

?Capital de risco não é capital de desperdício?, lembra Índio Brasileiro Guerra Neto, que coordena outra aceleradora de Internet, a ITC Ventures. ?Bons projetos na rede são cada vez mais semelhantes aos do mundo real?, diz. Afinal, o dinheiro existe. Mas decide para onde migrar. No momento, ele está deixando a mão de jovens nerds e rumando para empresários, que tenham conhecimento da área de atuação de suas pontocom e competência gerencial para lidar com crises. A partir de agora, é ser e ser lucrativo.