A falta de trabalhadores nos Estados Unidos tem sido notada há alguns meses e a economia ainda se recuperava quando o país começou a registrar taxas recordes de pedidos de demissão, a partir de agosto deste ano.

Segundo o Departamento de Trabalho dos EUA, foram criados 531 mil novos postos de trabalho em outubro, o que, para o jornal New York Times, é um indicativo de recuperação econômica.

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Mas o número ainda é baixo em comparação com a quantidade de pedidos de demissão: 4,3 milhões em agosto, número que chegou a 4,5 milhões apenas em setembro. O contexto de descontentamento do trabalho levou o Goldman Sachs a afirmar que se tratava de um fenômeno de longo prazo que pode ser uma ameaça ao crescimento da economia.

A imprensa americana já classifica o cenário como “A Grande Resignação”. Para a Forbes, trata-se de “uma revolução dos trabalhadores“, em que trabalhadores questionam condições precárias de trabalho, longas jornadas e baixa remuneração. O trabalho remoto incentivado durante a pandemia também passou a ser considerado e desejado pelos trabalhadores.

Outros analistas também incluem nesta conta o auxílio oferecido pelo governo Joe Biden às pessoas em dificuldades financeiras por causa da pandemia de Covid-19.

O Reino Unido enfrenta um cenário semelhante, uma vez que o Brexit (saída da União Europeia) gerou uma falta de mão de obra de caminhoneiros, cuja maioria era imigrante. Nos Estados Unidos, o Financial Times aponta a dificuldade à contratação de trabalhadores durante o turno da madrugada.

“A pandemia ainda não acabou e nem deveríamos esperar que seus efeitos no mundo do trabalho tenham terminado. As economias ainda estão em processo de adaptação para qualquer novo normal que surja”, afirma o Financial Times em editorial.

Outra novidade da chamada Grande Resignação é o aumento histórico no número de greves nos EUA, onde mais de 10 mil trabalhadores da John Deere paralisaram suas atividades por 5 semanas desde o início de outubro. Foram seguidos por 1,4 mil funcionários da Kellogg.

Uma pesquisa do Instituto Gallup de setembro de 2021 aponta que a aprovação popular aos sindicatos é a mais alta no país desde 1965.

Enquanto isso, os Estados Unidos tentam solucionar um complexo cenário econômico pela frente, com dificuldade de contratação de mão de obra e taxa de desemprego de 4,6% que podem comprometer a recuperação de sua economia.