No Brasil, a informática sempre foi um tema liderado pelas escolas particulares e até hoje não faz parte da cartilha de disciplinas obrigatórias do MEC, em nenhuma das etapas de ensino do brasileiro. Num período mais recente, disciplinas estratégicas na formação pessoal e profissional, como robótica e programação, passaram a ser oferecidas cada vez mais nas escolas da rede particular. Foi nesse cenário que a Byju’s Future School decidiu vir ao Brasil. A edtech indiana, que já levantou mais de US$ 5,5 bilhões em 23 rodadas de investimentos, segundo o site Crunchbase, tem valuation de US$ 23 bilhões, valor que oficialmente a companhia não confirma. No Brasil, ela atua desde julho do ano passado e em um ano de operação já soma mais de R$ 100 milhões investidos, 270 mil aulas aplicadas, mais de 9 mil alunos, 162 mil projetos e 700 professoras parceiras, com a proposta de levar aos brasileiros de 6 a 15 anos aulas de programação, lógica e habilidades de comunicação.

As aulas são realizadas totalmente a distância e saem do tradicional o professor-fala, o aluno-escuta. São muitas dinâmicas, como aprender criando jogos, mais interatividade e flexibilidade, para manter a atenção e desempenho dos estudantes. Fernando Prado, CEO da Byju’s no Brasil, falou à DINHEIRO que a metodologia é baseada em projetos, como se fosse em uma empresa. É selecionado um tema. “É criado um projeto em volta do conhecimento que será ensinado naquele dia, essa é a fórmula mágica para ensinar crianças.”

A startup indiana entra no País trazendo o conceito de “programação é o novo inglês”, afirmou Prado. Segundo ele, ainda há um desafio grande de explicar a importância da disciplina para o brasileiro, mas o crescimento do mercado de tecnologia ajuda a disseminar o tema. “Os pais de hoje estão muito mais avançados nesse conceito e na importância disso.” Mas a programação ainda não é a primeira escolha dos pais. “Antes, eles colocam no inglês, na natação e depois vem a gente.” O investimento para um curso completo de 184 aulas é de R$ 8 mil em média.

Divulgação

Os pais de hoje estão muito mais avançados na importância da programação, mas ela ainda não é a primeira escolha para os filhos” Fernando Prado CEO da Byju’s no Brasil.

SUCESSOS As dinâmicas das aulas incluem jogos adorados, como o Minecraft, que tem mais de 131 milhões de jogadores no mundo. O objetivo é ensinar o aluno a programar aplicativos e outros programas que se relacionam com o game. Para o CEO, o tema já está por trás de tudo o que as crianças de hoje fazem e, com isso, elas conseguem ver um pouco dos bastidores. “É outra forma de ver o que elas estão jogando.” Numa parceria recente, a Byju’s trouxe o astrofísico-celebridade Neil deGrasse Tyson para oferecer módulos especiais que traçam uma jornada pelo espaço. É uma grade exclusiva na qual os alunos aprenderão sobre asteróides e como criar aplicativos de jogos altamente lógicos e interativos.

As linguagens ensinadas são Javascript, React e Phyton. A estratégia da empresa é continuar crescendo no que eles enxergam como um “oceano azul”, que é o mercado brasileiro, e para isso buscam novas frentes, como a parceria com empresas para promover o curso a filhos de funcionários. Além do setor privado, eles olham para o setor público e começaram a conversar com algumas prefeituras. Segundo Prado, elas mostraram interesse. “A gente sabe o quanto é importante para crianças de todas as classes sociais.”