Localizado em Arès, perto de Bordeaux, o restaurante Ona – sigla de Origine Non- -Animale – ganhou sua primeira estrela Michelin na semana passada. E alcançou, instantaneamente, uma notoriedade inédita para muitos dos estabelecimentos que já mantêm sua estrela há anos. Motivo: desde 1900, quando o Guia Michelin foi lançado, é o primeiro restaurante vegano do mundo a conquistar o reconhecimento.

O Ona foi aberto em 2016 pela chef autodidata e arqueóloga por formação Claire Vallée, que se converteu ao veganismo durante uma viagem à Tailândia, onde notou que as porções de carne e de peixe no prato eram bem menores que as de caldos e vegetais. Decidiu, então, criar um restaurante de alta gastronomia sem qualquer indício de proteína animal.

E o sonho se torneou realidade graças ao montante de 10 mil euros obtido com financiamento coletivo e a um empréstimo do banco verde La Nef. Fechado temporariamente em virtude do lockdown, o Ona tem dois menus – com três ou sete pratos – alterados de acordo com as épocas de colheita locais. As sugestões ultracriativas incluem massas preparadas com frutas, caramelo de pimentões, merengue vegetal e tartare de algas.

Devido à pandemia, a edição de 2021 do Guia Michelin foi atípica, com o compromisso dos organizadores de não rebaixar nenhum estabelecimento com três estrelas. Dos 3,3 mil restaurantes listados, 54 receberam sua primeira estrela, dois passaram a ter duas e somente um, o AM, em Marselha, foi alçado ao grupo triestrelado do guia.

(Nota publicada na edição 1207 da Revista Dinheiro)