O Olympic Tower é um edifício de 51 andares construído em 1975 na região de Midtown Manhattan, na cidade de Nova York. De cada um de seus 225 apartamentos, a vista é deslumbrante: pode-se escolher entre a catedral de Saint Patrick’s, o rio East e o rio Hudson. 

 

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Mas ao visitar esse que é um dos prédios mais altos de Nova York, em dezembro de 2004, David Fisher não gostou do que viu. “Eu pensei: por que ter que escolher um panorama? 

 

Eu quero poder girar o andar em que moro e escolher o que ver da minha janela”, disse à DINHEIRO o arquiteto italiano. A partir dessa inspiração, Fisher começou a pesquisar e, após cinco anos, concluiu o projeto da Dynamic Tower, um edifício que muda de forma continuamente, pois seus andares podem girar de forma independente. 

 

Hoje, Fisher viaja o mundo apresentando o projeto e buscando parceiros que tenham interesse em construí-lo, com custo estimado entre 300 milhões e 500 milhões de euros. Com esse intuito, esteve no Brasil no mês passado. 

 

“O Rio de Janeiro é uma das cidades mais lindas do mundo e essa paisagem deve ser explorada, por isso sei que há espaço para uma Dynamic Tower aqui. Tive boas reuniões com possíveis parceiros, mas não posso mencionar nomes”, revelou.

 

As opiniões a respeito do trabalho desse arquiteto que começou sua carreira restaurando igrejas renascentistas em Florença se dividem. “Na história da arquitetura, as propostas futuristas sempre serviram de inspiração para outras ideias ou até mesmo de expressão cultural de uma época”, explica a professora Silvana Weihermann Ferraro, coordenadora do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR). 

 

 

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Planta giratória: o prédio em rotação e detalhes dos apartamentos 

 

 

Além do apelo futurista, outro destaque na Dynamic Tower é a sustentabilidade, pois turbinas eólicas posicionadas entre um andar e outro e placas de captação de luz solar farão o prédio autossuficiente em energia. 

 

“Existem soluções mais imediatas, menos onerosas e mais simples para solucionar os problemas ecológicos”, diz Antonio Castelnou, professor de teoria e história da arquitetura da UFPR. “Além disso, tenho dúvidas em relação ao funcionamento da torre, sobretudo do seu sistema hidráulico”, completa o engenheiro e perito Moacyr Molinari.

 

 

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David Fisher: o arquiteto viaja o mundo para vender seu projeto 

 

 

Ao que tudo indica, essas contradições não parecem preocupar Fisher. “A minha arquitetura é baseada na lógica, mas, em vez de ser estática, ela pode ser modificada e redesenhada pelo tempo”, defende ele, que diz já estar em negociação com uma cadeia hoteleira para transformar uma de suas torres em hotel de luxo. 

 

Ainda não foi divulgado o nome da rede nem o valor da diária, mas as suítes da cobertura deverão ter mais de mil metros quadrados. Como nas casas inteligentes, bastará a voz para controlar a intensidade da luz, o sistema de entretenimento, a velocidade e a direção de rotação de determinado andar e até a temperatura da piscina interna. Parece mesmo a arquitetura do futuro. Resta saber quem vai comprar a ideia e qual será a cidade a abrigar a primeira Dynamic Tower do mundo.