Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde, preocupado com as declarações e atitudes do seu chefe, o presidente Jair Bolsonaro, que desdenha do coronavírus e reduz a importância do confinamento social.

Marcos Corrêa / Wallace Martins

O Bolsonavírus segue infectando o País

Um vírus peçonhento avança pelo Brasil com intensidade, causando estragos e contaminando a população. E não se trata apenas da Covid-19. Estamos falando do Bolsonavírus, que segue firme no seu propósito de constranger os brasileiros mundo afora. Com infindáveis atitudes e declarações estapafúrdias em relação ao mais importante assunto do planeta na atualidade (veja abaixo), Jair Bolsonaro parece viver num mundo à parte. Dá péssimo exemplo ao sair nas ruas e cumprimentar quem bem entende e desdenha dos fatos e da ciência, tal qual adolescente rebelde. Mas seus fiéis seguidores não abandonam o contagioso messias. No domingo 12, a Avenida Paulista, uma das vias mais importantes do País, foi palco de um espetáculo torpe. Ali, centenas de defensores do presidente fizeram uma carreata – alguns até caminharam e dançaram nas ruas – contra o isolamento social, considerado fundamental pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e seguido por 10 entre 10 nações desenvolvidas. Além de pueril e idiota, a farra pró-Bolsonaro gerou um problema gravíssimo: com
os carros tomando a Paulista – região repleta de hospitais –, diversas ambulâncias ficaram paradas, impedidas de prestar socorro. E assim, o Bolsonavírus segue contaminando o País.

PGR quer investigar Weintraub por suposto racismo contra chineses

Fátima Meira

As recentes e atabalhoadas atitudes do ministro da Educação, Abraham Weintraub, podem lhe custar muito mais do que um constrangimento mundial. Na terça-feira 14, a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito para apurar eventual crime de racismo cometido por Weintraub. No início deste mês, o ministro insinuou, no Twitter, que a China poderia ter produzido a pandemia de Covid-19 para obter vantagens econômicas. Quando percebeu a bobagem que fizera, ele apagou o post. Era tarde. O mundo todo já sabia desse vergonhoso episódio. O fato é que Weintraub quis fazer graça com assunto sério, ao usar a linguagem do personagem Cebolinha, que troca o “r” pelo “l” nas palavras, para fazer acusações sem provas contra o governo chinês. “Quem podeLá saiL foLtalecido, dessa cLise mundial?”, postou o ministro. Para o vice-procurador-geral da República, Humberto de Medeiros, a conduta de Weintraub “configura infração penal prevista no artigo 20, da lei nº 7.716/1989, que define os crimes resultantes de preconceito”. Esse tipo de atitude é punível com prisão de um a três anos e multa.

Trump suspende pagamentos à OMS

“Hoje, determino a suspensão do financiamento da Organização Mundial da Saúde, enquanto se realiza um estudo para examinar o papel da OMS na má gestão e no encobrimento da pandemia do coronavírus.” Com essas palavras, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou na terça-feira 14 que estava suspendendo os pagamentos do país à OMS. Assim, a mais importante instituição de saúde do planeta deixará de receber cerca de US$ 400 milhões, valor que os EUA transferem anualmente ao órgão, justamente quando o mundo enfrenta a maior e mais grave pandemia dos últimos tempos. De acordo com o próprio Trump, sua decisão foi motivada pelo que ele chama de “viés pro China adotado pela OMS”. Para o presidente americano, a entidade foi “excessivamente cautelosa” com o gigante asiático no início da crise do coronavírus. Na quarta-feira 15 – um dia após o pronunciamento de Trump –, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse: “Lamentamos a decisão do presidente dos Estados Unidos”. Ghebreyesus afirmou, ainda, que a gestão da pandemia será examinada “em seu devido tempo”.

Movimentação superior nos portos mostra que pandemia não atrapalha exportações de grãos

Um dado animou os produtores brasileiros de grãos. No primeiro trimestre deste ano – com o mundo já sob a crise do coronavírus –, os portos do País registraram movimentação cerca de 17% superior ao mesmo período de 2019. Um bom exemplo foi verificado em Barcarena, no Pará, onde, entre janeiro e março deste ano, as operações somaram pouco mais de 1 milhão de toneladas acima do volume negociado no primeiro trimestre de 2019. Com isso, o Movimento Pró-Logística (MPL), fórum de articulação dos produtores de soja, milho e algodão do Mato Grosso, enxergou uma certa tranquilidade nos negócios do setor, mesmo com o isolamento social e a paralisação de algumas operações causados pela Covid-19. Coordenador executivo do MPL, Edeon Vaz Pereira comemorou os números. “Esses dados mostram que não encontramos problemas na movimentação da safra”, disse Vaz Pereira.

JP Morgan vende 3 milhões de ações da CVC

Divulgação

Na segunda-feira 13, a CVC informou ao mercado que o JP Morgan tinha reduzido sua posição na companhia. Segundo o comunicado divulgado pela maior operadora de turismo da América Latina, o banco vendeu 3,1 milhões de ações da empresa, numa demonstração evidente de que a instituição acredita numa queda no valor dos papéis da CVC. Nas últimas semanas, as ações da companhia tiveram valorização de mais de 40%. Com a venda, o JP Morgan, que detinha 5,3% de participação acionária na CVC, passou a ter 3,2%, o equivalente a quase 4,8 milhões de ações. Em nota oficial, o banco declarou que as negociações visaram “apenas mera realização de investimentos” e que não foram celebrados contratos ou acordos sobre exercício de voto nem compras e vendas de valores imobiliários.