Reeleito neste domingo (18) com uma vitória esmagadora, Vladimir Putin fez mistério sobre seu novo gabinete.

“Vou pensar no que vou fazer e de que maneira”, disse ele após sua vitória, alegando que, se houver mudanças, ocorrerão depois de sua posse, no início de maio.

De Dmitri Medvedev, o primeiro-ministro cuja saída é com frequência alvo de especulação, a Serguei Lavrov, a indefectível voz de Moscou na confrontação com o Ocidente, estes são os homens de confiança de Putin, aos quais se deve ter atenção no início de seu quarto mandato:

– Dmitri Medvedev, leal premiê

Em 2008, Putin designou Dmitri Medvedev, então desconhecido, como seu sucessor à frente da Rússia. Desde então, ele nunca saiu de verdade da sombra do atual presidente.

Depois de seus quatro anos na Presidência, cedeu o posto a Putin e retornou ao cargo de primeiro-ministro, seguindo o plano traçado de antemão.

Medvedev ocupa um lugar cada vez mais marginal, limitado a questões técnicas. Em 2017, uma investigação anticorrupção do opositor Alexei Navalni sobre seu suposto patrimônio provocou manifestações da oposição.

Embora a imprensa local anuncie sua saída com frequência, o impopular Medvedev, que apenas participou da campanha, nunca perdeu o apoio do mentor, ao qual professa uma inquebrantável lealdade.

– Serguei Shoigu, o homem das guerras de Putin

A modernização do Exército russo foi mérito seu. O “êxito” da guerra russa na Síria, também. Ministro da Defesa desde 2012, Serguei Shoigu é um dos poucos membros do círculo de Putin a não fazer parte de seu “clã” de São Petersburgo.

Por trás de seu jeito afável, esse homem originário da república siberiana de Tuva esconde um notável gestor que demonstrou seu valor no Ministério de Situações de Emergência. Esteve à frente da pasta por quase 20 anos e a transformou por completo.

– Serguei Lavrov, a voz de Moscou

Diplomata respeitado em nível internacional, Serguei Lavrov, ministro das Relações Exteriores desde 2004, pode parecer um tanto cansado nos últimos anos, especialmente agitados.

Mas o intransigente chefe da diplomacia russa segue adiante. Negociador inflexível, aos 67 anos, continua defendendo sem descanso e com firmeza as posições russas no mundo, expressando-se quase diariamente sobre a crise síria, ou sobre a ucraniana.

– Igor Sechin, o rosto do capitalismo de Estado

É um fiel entre os fiéis. Igor Sechin, um velho amigo de Putin, impôs-se à frente da companhia petroleira pública Rosneft, que transformou em um gigante mundial, apesar das críticas sobre sua gestão.

Depois de se transformar em um dos homens mais poderosos da Rússia, parece intocável e pode enfrentar sem temor ministros como o da Economia, Alexei Uliukaev, que se opunha à compra do grupo petroleiro Bachneft por parte da Rosneft.

Pouco depois desse episódio, Uliukaev foi detido na sede de Rosneft acusado de cobrar propina. Apesar das inúmeras incógnitas envolvendo este caso, ele foi condenado a oito anos de detenção, em um julgamento ignorado por Sechin, que sequer respondeu à convocação dos juízes.

– Elvira Nabiullina, a economista ortodoxa

Economista de prestígio, Elvira Nabiúllina foi nomeada à frente do Banco Central da Rússia em 2013, para surpresa de todos.

Os círculos financeiros aplaudiram sua gestão da grave crise monetária que golpeou o país em 2014. Sob seu mandato, o Banco Central manteve os juros altos e fechou dezenas de bancos com práticas duvidosas, aplicando métodos às vezes radicais e impopulares que evitaram, porém, um naufrágio econômico da Rússia.

– Alexei Kudrin, a Eminência parda

Dentro e fora do sistema, esse ministro das Finanças entre 2000 e 2011, ano em que foi demitido por Medvedev, Alexei Kudrin nunca permaneceu afastado do jogo político russo.

Este liberal, gestor rigoroso e bem-visto no exterior, aproveita sua independência para dar, com frequência pelos jornais, lições de gestão econômica ao governo.

Seu retorno ao centro do poder é um boato recorrente, difundido pelos que querem uma Rússia que não se afaste definitivamente do Ocidente.

Assessor do presidente Putin na campanha eleitoral, na semana passada ele deu uma entrevista ao jornal econômico “Vedomosti”, na qual explicou o que faria se fosse premiê.

Sua volta parece improvável, porém, já que significaria uma aproximação com o Ocidente e implicaria uma complicada convivência com seu inimigo ferrenho, Medvedev.