Na segunda-feira 19, o presidente Michel Temer anunciou, via Twitter, o veto integral da MP 756 e de alguns itens da MP 758. As duas medidas provisórias eram alvo de críticas de ambientalistas, pelo fato de estabelecerem a redução da proteção em áreas florestais da Amazônia. Os textos previam a abertura da exploração de atividades como pecuária, agricultura e mineração em cerca de 600 mil hectares da Floresta Nacional e no Parque Nacional de Jamanxim, no Pará. A postagem de Temer foi uma resposta a um tweet de Gisele Bündchen, no qual ela se posicionava firmemente contra as duas propostas. É inegável que a top model tem o seu poder de sedução. Mas nesse caso, ao que tudo indica, outro elemento também foi crucial para a decisão: a Noruega, maior financiadora do Fundo da Amazônia e um dos destinos da viagem do presidente à Europa na última semana.

A possibilidade de Temer sancionar as duas MPs foi um dos motivos que levaram Vidar Helgesen, ministro do Meio Ambiente do país escandinavo, a enviar uma carta a José Sarney Filho, titular da pasta do Meio Ambiente no Brasil. Na mensagem, Helgesen destacou fatores como uma “tendência de alta preocupante” no desmatamento da Floresta Amazônica e alertou que as doações para o Fundo da Amazônia podem ser suspensas ou significativamente reduzidas. Criado em 2008, o Fundo já captou R$ 2,85 bilhões. Desse montante, o governo norueguês respondeu por R$ 2,77 bilhões.

(Nota publicada na Edição 1024 da Revista Dinheiro)