“Antes de pretender liderar aos outros, aprenda a liderar a si mesmo!”

Ouvi esta frase há mais de 20 anos. Insisto nela quando procuro orientar líderes que estão com alguma dificuldade em lidar com suas equipes. Acho que deveria ser um “mantra” e servir de guia para nosso eterno aprendizado como líder.

Me lembrei disso durante as festas de réveillon, quando presenciei várias pessoas, a maioria vestida de branco, fazerem as famosas e recorrentes promessas de fim de ano – deixar de fumar, perder os quilinhos a mais, voltar a fazer exercícios, conviver mais com a família, rever com maior frequência os amigos, entre outras.

Foram momento inebriantes. Porém, quase todos sabemos que, passada a euforia da festa embalada com champagnes, músicas e muitos abraços efusivos, o nível de cumprimento dessas promessas será tão baixo quanto à altura das ondas que alguns pularam sete vezes, na virada do 31 de dezembro.

Falta o componente mais importante nessas promessas: o compromisso legítimo com a mudança e o entendimento que a autoliderança é o diferencial decisivo para nosso sucesso como líder. Podemos até ser masters em várias outras competências enquanto líder, incluindo entrega de resultados, comando das equipes subordinadas, acesso a clientes e a fornecedores estratégicos para o negócio, domínio de sistemas e processos, além do alinhamento com os valores da empresa, entre outros aspectos. Contudo, a autoliderança sempre será o “calcanhar de Aquiles” da nossa trajetória.

As promessas de fim de ano são parte da nossa cultura e convivência social, mas não são suficientes para sermos bons líderes da nossa vida e, consequentemente, lideres melhores com aqueles que, naturalmente, lideramos. Afinal de contas, não adianta perdermos uns quilinhos e convivermos mais com a família, se não formos totalmente éticos, íntegros e transparentes. Também perde o sentido se continuarmos com pavio curto e explodindo quando nosso ponto de vista encontra o menor sinal de contrariedade, bem como se não nos transformarmos no exemplo do mundo que queremos construir.

A autoliderança do líder inspirador e eficaz envolve várias atitudes diferenciadas, tais como:

– Coerência entre o que diz e o que faz;

– Integridade total;

– Inteligência emocional;

– Gestão eficaz do tempo;

– Autodesenvolvimento contínuo;

– Harmonia nas diferentes dimensões da vida (profissão, saúde, família, cidadania e família, entre outras);

– Ser o exemplo para sua equipe.

O maior erro que cometemos, embutido em nosso modelo mental, é pensar no exercício da liderança como algo a ser praticado com os outros, seja com subordinados na estrutura hierárquica das nossas empresas, filhos ou pessoas da nossa comunidade.

Sempre pensamos que entre os desafios dos líderes está a motivação dos colaboradores, construção de equipes de alta performance e obtenção do melhor do que cada um pode entregar.

Todos esses fatores são importantes, mas a liderança não pode apenas ter “o outro” como objeto da sua ação, pois se trata de um movimento que começa dentro de nós. Antes de pretender liderar os outros, aprenda a liderar você mesmo. É preciso se transformar para ser um agente da transformação!

César Souza, fundador e presidente do Grupo Empreenda, consultor, palestrante e autor do recém-publicado “Seja o Líder que o Momento Exige” e do “Cartas a um Jovem Líder”