A americana Johnson & Johnson terá de indenizar 22 mulheres, nos EUA, em US$ 4,6 bilhões. Elas alegaram ter contraído câncer nos ovários em razão do uso do talco Johnson’s Baby. O motivo é a contaminação por amianto (o talco é um mineral que, antes de ser processado para virar pó, pode conter traços de amianto). A decisão do tribunal de Saint Louis, no Estado de Missouri, consiste no maior valor já estipulado para casos similares. A J&J foi condenada a pagar US$ 417 milhões em outro processo do tipo, no ano passado, em um tribunal californiano. A fabricante, porém, não encerrou o problema. Outros nove mil processos também querem uma reparação por eventuais danos.

Apesar dessa condenação, a FDA, agência regulatória americana, apresentou um estudo afirmando não ter encontrado amianto em nenhum talco para bebê. Conduzido entre 2009 e 2010, ele analisou produtos de oito diferentes empresas, incluindo os da J&J. A expectativa de advogados é a de que a decisão represente um ponto fora da curva. Mas há ainda o risco de que o altíssimo valor estipulado incentive mais pessoas a buscarem indenização. “Reafirmamos com confiança que nossos produtos de talco não contêm amianto”, informou a J&J, em comunicado.

A Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto está em busca de análises que comprovem essa ausência do mineral cancerígeno no Brasil. De acordo com Fernanda Giannasi, ex-coordenadora do combate ao amianto no Ministério do Trabalho, as minas do Paraná até Minas Gerais, onde o talco é extraído, podem causar contaminação. “Quem faz esse trabalho são pequenas empresas”, diz ela. “Nunca vi grandes empresas cobrarem de seus fornecedores uma análise. Essa é uma obrigação de quem compra.” Até agora, no País, não há nenhum processo aberto semelhante ao dos EUA.