Setores produtivos começam a ficar inquietos. Trabalhadores reclamam da falta de renda. Negócios vão à falência. A roda da economia brasileira precisa voltar a girar e se depara ainda com os efeitos arrastados e dramáticos da pandemia. Não há como privilegiar o PIB em detrimento da vida, mas até que ponto um e outro não estão também intimamente ligados? Sem recursos, muitos não terão como se alimentar, pagar as contas, viver. No timing perfeito da transição das duas realidades, sustenta-se o futuro do País e do mundo. Para não ficar atrás e sair em busca do atraso é que os governos estaduais e federal, as instituições privadas e até corporações da indústria, do comércio e das finanças começam a preparar a toque de caixa seus respectivos planos de saída da crise. Na maioria deles, um denominador comum: sem o recuo da doença não há como prosperar. Nos EUA e na Europa, por exemplo, já ficou devidamente acertado que o fim do isolamento somente se dará após o registro de 14 dias consecutivos com queda no número de vítimas fatais e aumento gradativo na quantidade de leitos de UTIs disponíveis para internações. Da combinação desses dois fatores resulta a senha da quebra da quarentena. A partir daí, cada um traça os seus planos de segurança e prevenção – desde o uso massivo de máscaras até a abertura gradual de alguns estabelecimentos. No todo e em parte, o objetivo é o mesmo: garantir crescimento suficiente para cobrir as perdas.

Há uma estimativa média de colossais quedas do PIB globalmente – ficando todos os mercados em índices negativos. O Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) avalia que realmente um “Plano Marshall” à brasileira precisa sair com urgência e trabalha com uma alternativa a ser entregue ao Ministério da Economia nos próximos dias. Do documento da entidade deverá constar uma cifra geral de despesas, ainda não consolidada, para o reparo dos danos e incentivo à retomada. Quatro eixos devem nortear o relatório do Ipea: o primeiro será o da criação e indução de crédito para reerguer a atividade produtiva e reconstituir as cadeias de operação. O segundo se concentrará nas linhas de recursos para a normalização das exportações, incluindo também um trabalho de promoção no exterior e de diversificação da pauta de produtos vendidos. O terceiro eixo focará investimentos em infraestrutura, mediante o BNDES, envolvendo a remodelagem de parcerias público-privadas. O quarto e último item concentrará esforços nos programas sociais com atenção em políticas de emprego. Com planejamento desse tipo, pensando estruturalmente nos meios, é crível imaginar que as soluções aparecerão de maneira gradativa. O segundo tempo dessa guerra está apenas começando.