Em pesquisa realizada pela Reuters com 30 especialistas do mercado financeiro, foi constatado que a disparada do real e do peso argentino está em vias de se estabilizar, indicando que o pior já passou para Brasil e Argentina no mercado cambial. Porém o relatório destacou cautela com as projeções diante da enorme volatilidade do mercado nos últimos meses.

O resultado esperado é de recuo do dólar em 8,7% a R$3,79 em 12 meses, comparado com o nível atual que está em torno de R$4,15. A estimativa foi feita tirando média de 30 estimativas. A mesma pesquisa no mês passado trazia a expectativa de recuo da moeda americana para R$ 3,60 no mesmo período. O aumento pequeno da previsão foi visto com bons olhos diante dos resultados das moedas sul-americanas no último mês, que viu o peso disparar e o real se estabilizar em R$ 4.

Apesar dos número animadores, especialistas destacam a imprevisibilidade do mercado. Resultado disto foi que três casas que participam regularmente da consulta da Reuters pediram para não serem incluídas na atual pesquisa por estarem revisando suas projeções ou mesmo para não se comprometer publicamente. O dólar superou as projeções de todos os economistas que participaram das pesquisas da Reuters desde o ano passado. Quem chegou mais perto de acertar o patamar atual foi Alex Agostini, da Austin Rating, que classificou o feito como sorte. Sua previsão de que o real ficará um bom tempo no patamar de R$ 4 foi mais um chute do que estimativa precisa, segundo ele.

“Os fatores que estão afetando o câmbio não vão desaparecer depois das eleições e, mesmo depois, muito vai depender do pacote fiscal entregue ao congresso e do que será aprovado. Eu mantive minha previsão em R$ 4, mas não descarto R$ 4,20 nem R$ 3,50”, disse o economista.

Eleição para definir

Todos os estrategistas que participaram da pesquisa fizeram médias ponderadas de diversos cenários eleitorais, e apenas 2 dos 30 participantes previram um dólar mais alto que o patamar atual, indicando que há um consenso da chegada de medidas de austeridade.

Já a volatilidade do real é em grande parte creditada ao período de eleição e incerteza política, que tende a diminuir após os pleitos. “O banco central tem cada vez menos margem para surpreender, com os crescentes riscos políticos e a confiança abalada dos participantes do mercado”, afirmaram estrategistas da Goldman Sachs.

Já o peso argentino sofre de ansiedade generalizada em relações a economia do país. Após cada medida do governo Macri, os investidores diminuem cada vez mais a credibilidade na capacidade do comandante em contar a inflação argentina e o déficit fiscal.