A economia brasileira definha não é de hoje. E há tempos os empresários aguardam boas notícias para que tenham condições de investir, gerando mais empregos e arrecadação, o que criaria uma onda positiva para o País. Como mostram as revisões do PIB para este ano (agora em míseros 0,81% e caindo), os anúncios da equipe econômica não têm mostrado força suficiente para mudar os ânimos. Nem mesmo a folgada aprovação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados consolidou a confiança dos setores que movem a economia. Houve sim, um avanço no mercado de capitais, com a valorização recorde do índice Bovespa e uma ligeira apreciação do real frente a outras moedas. Mas, até agora, nada de substantivo foi posto em prática para estimular o crescimento nos níveis desejáveis.

A reforma da Previdência, evidentemente, interessa muito mais ao próprio governo, que deixará de gastar em dez anos perto de R$ 1 trilhão com pensões e aposentadorias. Essa economia ajudará a sanear as contas públicas, mas seu efeito colateral é reduzir a renda de boa parte da população – o que significa menos consumo no longo prazo. A reforma que poderia destravar a economia e o PIB, como se sabe, é a tributária, sobre a qual ainda não há qualquer consenso entre o governo, o Congresso e os empresários. Enquanto ela não vem, só resta colocar mais dinheiro em circulação. Ele sairá de contas ativas e inativas do FGTS, que poderão ter saques anuais. Com isso, Até o final de 2020 serão R$ 42 bilhões. Parece muito, mas cada trabalhador só poderá tirar da conta R$ 500.

A estratégia repete a do então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, no primeiro ano do governo Michel Temer. Em dezembro de 2016, ao liberar saques de contas inativas do FGTS, R$ 30 bilhões voltaram para o consumo. É bom lembrar que em 2015 o PIB havia sido negativo em 3,5%, número que se repetiu no ano seguinte. Em 2017, ficou positivo em 1,1%. Mas a liberação do FGTS não foi a única medida para chegar a esse resultado. O governo Temer reduziu a taxa Selic, os juros básicos da economia, de 14,25% para 6,50% ao ano. A inflação, que havia superado 10% em 2015, caíra para 2,95% ao final de 2017. Tudo isso contribuiu para que o Brasil saísse da recessão. Agora o cenário é outro. O País precisa crescer, e rápido. A equipe econômica sabe disso. Resta saber que milagre R$ 500 farão no bolso de quem pode sacar o FGTS.

(Nota publicada na Edição 1131 da Revista Dinheiro)