Não são apenas os grandes bancos de varejo que ostentam resultados invejáveis este ano. O Banco BVA, que durante dois anos sofreu com a tormenta causada aos pequenos e médios após a intervenção do Banco Central no Banco Santos, em novembro de 2004, comemora a arrancada

conseguida nos últimos meses. A instituição aumentou os ativos de R$ 360,9 milhões no fechamento do ano passado para R$ 501,7 milhões em junho deste ano. Diminuiu a provisão de devedores duvidosos de R$ 22 milhões para R$ 16,7 milhões. E lançou a primeira série de R$ 90 milhões de um Fundo de Investimento em Direito Creditório (FIDC) que prevê R$ 200 milhões até o final de 2007.

Os resultados são a parte aparente de uma profunda mudança no BVA. A primeira foi a chegada do experiente executivo Ivo Lodo, ex-Banco Safra, em novembro de 2006. Convidado pelo banqueiro José Augusto Ferreira dos Santos para ser o chief executive officer do BVA, Lodo iniciou uma revolução interna. Estruturou a área comercial e de produtos, acertou os modelos de riscos e indicou o novo caminho que deveria ser trilhado pela instituição. ?Era uma oportunidade para recriar um bom banco pequeno que tem a pretensão de ser grande?, diz Lodo.

Antes conhecida como uma instituição basicamente focada em repasses do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para osetor de transporte, ela apostou em três novas direções: banco comercial para empresas com faturamento de até R$ 1 bilhão, crédito consignado e operações estruturadas. A mudança já surtiu efeito nas operações de crédito. Pela primeira vez, a carteira do BNDES, que caiu de R$ 202,7 milhões em dezembro de 2005 para R$ 96,7 milhões em junho deste ano, é menor que a do crédito para as médias empresas (R$ 156,6 milhões). Antes da crise do Banco Santos, o BVA tinha ativos de R$ 930 milhões, e a projeção é atingir o mesmo montante até o final de 2008.

Para ficar perto dos novos negócios, a direção transferiu-se do Rio de Janeiro para São Paulo, em maio passado. Na capital carioca, ficaram 40 funcionários que cuidam do apoio às operações do crédito consignado, carteira que atingiu R$ 267,4 milhões. As lojas de rua exclusivas para essa modalidade, chamadas de PegCred, devem chegar a 33 até o final do ano ? em 2006, eram apenas três. Para atingir as pequenas e médias empresas, o BVA abriu agências em Campinas e Ribeirão Preto e uma filial em Goiânia. O lançamento de um FIDC de R$ 150 milhões para esse segmento está em estudo.

Por mais que esteja satisfeito com esse grande salto em oito meses, Lodo acredita que o melhor ainda está a caminho. ?A reestruturação está terminando e agora vamos partir para o crescimento sustentado?, afirma. Isso deve aumentar o lucro líquido, único indicador que decresceu este ano ? foram R$ 3,65 milhões no primeiro semestre, comparados a R$ 20 milhões em 2006. Conseguir o aumento da lucratividade passa pelo crédito imobiliário, segmento que o BVA está analisando. Lodo também não descarta abrir o capital na Bovespa. Mas só pensará nessa possibilidade no ano que vem.