O que mais chama atenção no dado de 2017?
A história continua a mesma. Estamos vendo outros dados e as condições que geram crescimento são positivas. Para este ano, esperamos uma alta de 3,3%.

Quais variáveis mais influenciarão neste ano?
Sem dúvida nenhuma a queda de juros. Demora entre 6 a 9 meses para impactar a atividade. Grande parte do que o Banco Central fez no ano passado vai impactar em 2018. Haverá capacidade de cortar mais uma vez agora. O grande mestre, o pai dessa recuperação é o corte de juros, que foi permitido pela inflação ainda muito baixa.

O que o dado de 2017 significa sob a ótica estrutural?
A composição nos parece bastante positiva para desenhar a história da recuperação. No momento, teve um ponto mais pesado do consumo, mas para chegar até 3% tem de ter uma perna relevante de investimento.

Quanto tempo é preciso para voltar ao nível pré-recessão?
Parece que é uma coisa mais para 2020, 2021.

O investimento é central porque continua em queda…
A recessão faz ele cair. É uma questão cíclica. Precisa sair da recessão…É como o paciente que entra na UTI, tem de estabilizar. Isso parece que conseguimos fazer. Isso nos dá uma sobrevida para este ano e o ano que vem.

O que falta para as pessoas perceberam a melhora dos números no dia a dia?
Uma coisa interessante que temos captado em algumas análises é que normalmente a combinação da taxa de inflação e desemprego se correlaciona ao nível de aprovação do governo. Em 2016, essa correlação rompeu. Isso põe uma dúvida numa questão que o mercado tem abraçado de uma maneira consensual, de que vamos eleger um reformista. Fizemos um exercício sobre onde deveria estar a popularidade do governo, dada a situação da economia, e deveria estar mais perto de 20%.

Então o sr. vê um fator de risco para as eleições?
Certamente. Está um pouco cedo no ciclo eleitoral para apertar o botão de pânico, mas temos de monitorar de perto.