Crédito com custo menor, produtos financeiros mais acessíveis e personalizados e facilidades operacionais são alguns dos benefícios que o open banking, cuja implementação está sendo regulamentada pelo BC, deve trazer aos consumidores e às empresas. Quem afirma é Guilherme Assis, CEO da plataforma Gorila, uma das primeiras do País especializada na integração de sistemas de diferentes instituições financeiras e na consolidação e controle de investimentos em um só ambiente.

O Banco Central deu início ao processo de regulamentação do open banking. O que isso trará de mudanças ao mercado financeiro?
O open banking é uma estrutura capaz de interligar os sistemas de bancos, fintechs e corretoras, permitindo a troca de informações entre eles. Também possibilita aos clientes acesso a suas informações financeiras em um único ambiente de forma consolidada e com segurança. A regulamentação do open banking vai tornar, ao longo do tempo, essa integração obrigatória. E os consumidores é que vão ganhar com isso.

Por que os consumidores vão ganhar?
Com o open banking surgirão novos serviços e novas facilidades. O open banking será para o sistema financeiro o que o e-commerce está sendo para o varejo físico. Os consumidores poderão comparar produtos financeiros com mais facilidade e a competição entre as instituições aumentará, resultando em crédito mais barato. Será possível fazer a portabilidade de uma instituição financeira para outra com a mesma simplicidade que acontece hoje no setor de telefonia. Enfim, a mudança será bem grande no sistema financeiro como um todo.

Como a plataforma Gorila opera atualmente, já que a regulamentação ainda não começou?
O que estamos fazendo hoje são acordos com corretoras dispostas a abrir os dados. Ou seja, elas estão se antecipando ao movimento. Com esses acordos podemos controlar carteiras de clientes em diferentes instituições. Por exemplo, se você tem conta em diversas instituições e investimentos variados a gente junta tudo. Então, podemos calcular a rentabilidade desse portfólio, para você saber onde está ganhando ou perdendo, o que facilitará as suas tomadas de decisões. É mais do que oferecer transparência. Trazemos clareza para o investidor fazer suas decisões.

E a segurança das informações?
As plataformas são desenvolvidas com base em rígidos protocolos de segurança. Eles não estão limitados ao sistema, mas também ao treinamento e ao nível de acesso das pessoas envolvidas na operação. Além disso, o compartilhamento não é total. Precisa da autorização do cliente e fica aberto apenas entre as instituições que ele indicar. O processo segue a legislação e já está preparada para atender às exigências da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrará em vigor no ano que vem.

O sistema bancário como conhecemos hoje deixará de existir?
Os grandes bancos continuarão a existir, mas terão de se adaptar a essa nova realidade. Mesmo o conceito de agência física deverá mudar. Não só por causa do open banking, mas porque o processo de digitalização da população é inevitável. Pessoas desbancarizadas vão ter acesso facilitado ao sistema, as instituições terão de trabalhar com margens menores e novos players vão surgir.

Quantos clientes o Gorila tem e quanto a plataforma movimenta atualmente?
Temos mais de 150 mil usuários e cerca de 100 escritórios de investimentos usando a plataforma. São R$ 20 bilhões de ativos controlados.

AQUISIÇÕES
Via Varejo adquire a totalidade das ações da BanQi 

Controladora das redes varejistas Casas Bahia e Ponto Frio, a Via Varejo anunciou a compra de 100% das ações da fintech BanQi. A plataforma americana de conta digital já era usada pela companhia brasileira desde 2019. Atualmente, os correntistas da BanQi têm acesso a serviços de depósitos feitos gratuitamente em 511 lojas da Casas Bahia e lotéricas, além de possibilidade de saques em lojas da mesma rede. Também podem pagar carnês, boletos, contas, fazer transferências e efetuar recargas de celular por meio do app. Segundo Andre Calabro, diretor-executivo da Via Varejo, houve, neste ano, a duplicação do número de abertura de contas ligadas à fintech, que também superou a marca de 1 milhão de downloads do app.

PARCERIA
Pagamento com cashback em postos BR e sem contato físico

A Ame Digital, fintech e plataforma mobile de negócios das Lojas Americanas e da B2W Digital, deu início a uma ação especial em parceria com a BR Distribuidora que oferece 20% de cashback para clientes da rede de postos de combustíveis. Eles terão direito a esse benefício ao pagar com o Ame e tiverem cadastro no Premmia, programa de fidelidade da BR. Além de ser uma nova forma de efetuar pagamentos na rede de postos, a tecnologia oferecida pela fintech permite débito por meio de leitura de QR Code, sem contato físico com maquininhas de cartões de crédito e débito. “A iniciativa dá mais segurança aos pagamentos e contribui para minimizar os impactos da Covid-19 ao possibilitar que milhões de pessoas realizem transações sem contato”, diz Thiago Barreira, diretor da Ame Digital.

Números da semana
64,8% 

É o percentual de brasileiros que já sentiram os impactos negativos do isolamento social em seus ganhos financeiros, segundo levantamento realizado pela Hibou, empresa de pesquisa e monitoramento de mercado, em parceria com a plataforma de dados Indico. A sondagem foi realizada nos dias 17 e 18 de abril, com 3 mil pessoas, e divulgada na terça-feira 26. Outros 32,5% dos entrevistados dizem permanecer com os mesmos ganhos e apenas 2,7% disseram que os impactos desse novo momento foram positivos. A pesquisa também mostra que 53,7% têm evitado qualquer tipo de compra desnecessária e 34,7% estão analisando melhor cada compra. Após a quarentena, 88,4% dos brasileiros pretendem comprar com menos impulso e 72,2% afirmam que estão menos dispostos a pagar mais por um produto só por ser de uma marca famosa de que gostam. A pesquisa também mostra que a pandemia fez o consumidor olhar mais para o lugar onde reside. Até o dia 15 de março, 31,9% dos consumidores tinham os shopping centers como local preferido para compras. Mas, nessa fase de quarentena, 31,2% responderam que querem valorizar mais o comércio de seus bairros. Para 17,7%, a compra por meios digitais se tornou sua definitiva primeira opção.