O executivo francês Patrick Mendes, presidente da rede AccorHotels na América do Sul, comanda uma operação de 335 hotéis na região, dos quais 286 estão no Brasil. E a meta dele é alcançar 500 unidades no continente até 2020. Em entrevista ao programa MOEDA FORTE na TV Dinheiro, que vai ao ar na próxima segunda-feira, 14 de maio, ele detalhou a estratégia do grupo e contou com exclusividade a criação de um serviço que fará com que os hotéis da rede, marcas como Ibis, Novotel, Mercure e Sofitel, se convertam em hubs de serviços para a vizinhança. “Temos academia, restaurantes, bares, salas de reunião, espaços de coworking, tudo com descontos de até 30%. Temos também serviços de delivery de comida e outros serviços”, diz Mendes. Batizado de AccorLocal, ele deve entrar em operação em setembro e pode se tornar um negócio maior do que a própria hotelaria. “Contamos com 4.300 hotéis no mundo, 300 deles no Brasil, abertos sete dias por semana, 24 horas por dia. É uma chance enorme.” Acompanhe:

A meta de crescimento do grupo na região é muito ambiciosa. Sair de 335 hotéis para 500 unidades na América do Sul até 2020. Como vai conseguir isso?
Dos nossos hotéis na região, 75% estão no Brasil. E, quando falamos de crescimento, temos regiões muito fortes no mundo. A China, o Brasil e o Oriente Médio e África. No ano passado, entre os 100 países em que atuamos, o Brasil foi o segundo que mais abriu hotel, só atrás da China. Inauguramos 52 hotéis aqui.

O que levou a esse crescimento?
Fizemos aquisições e aproveitamos a crise. Os ativos estavam mais baratos e algumas operadoras com dificuldade. Na nossa indústria, tem que ter força e tamanho para enfrentar as dificuldades.

Os ativos estavam quanto mais baratos?
O mercado sofreu bastante. Se eu pegar o Rio de Janeiro, tivemos uma queda de receita de 30% em dois anos. Em São Paulo, as receitas estão no patamar de 2009. Então, os ativos também baixaram. Diria que de 20% a 30% mais baratos.

Quantos hotéis a rede pretende abrir na região neste ano?
Já abrimos 14 hotéis e vamos chegar ao fim do ano com 40 hotéis abertos. Abrimos um hotel a cada dez dias na América do Sul, sendo 75% no Brasil. Por conta das plataformas digitais, os hotéis hoje precisam vender mais do que as diárias de um quarto.

Qual é a importância dos outros negócios para o grupo?
Hoje, mais de 30% do nosso volume de negócio é feito fora do quarto. Isso vem de restaurante, de bar, de eventos, shows, entretenimento. Temos investido bastante nos nossos restaurantes para compensar a perda que tínhamos na hospedagem. Temos um projeto agora chamado AccorLocal.

Que projeto é esse?
Vamos prestar serviços à vizinhança dos hotéis, não só para os hóspedes. E, quando digo serviços, falo de restaurantes, bar, academia, yoga e delivery. Por exemplo, você tem que entregar o seu terno numa lavanderia até às 19h e não consegue chegar no horário. Você vai ver um Ibis ou um Novotel do lado e, com o cartão fidelidade LeClub AccorHotels, vai poder usar os nossos serviços. Com isso, você pode voar.

Isso já está em prática?
Começou em Paris há oito meses e já temos dez serviços prestados dentro dos hotéis para a vizinhança. Temos academia, restaurantes, bares, salas de reunião, desenvolvimento de coworking, tudo com descontos de até 30%. Temos também serviços de delivery de comida, entre outros. É utilizar o hotel como extensão de sua casa.

Quando virá para o Brasil?
Começaremos em setembro. É a primeira vez que falo isso. Teremos um aplicativo AccorLocal. Você então vai competir com a academia do bairro, com a lavanderia, com o restaurante que entrega… Temos 4.300 hotéis no mundo, quase 300 deles no Brasil, abertos sete dias por semana, 24 horas por dia. É uma chance enorme.

Mas qual é o potencial desse novo negócio para o grupo?
Muitos otimistas dizem que pode ser um negócio até maior do que a hotelaria. Vai também complementar o nosso negócio da hotelaria. As pessoas vão entrar mais nos nossos hotéis. Muitas pessoas não entram nos hotéis porque acham que não podem.

(Nota publicada na Edição 1069 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Márcio Kroehn e Moacir Drska)