14/05/2018 - 17:40
O executivo francês Patrick Mendes, presidente da rede AccorHotels na América do Sul, comanda uma operação de 335 hotéis na região, dos quais 286 estão no Brasil. E a meta dele é alcançar 500 unidades no continente até 2020. Em entrevista ao programa MOEDA FORTE na TV Dinheiro, que vai ao ar na próxima segunda-feira, 14 de maio, ele detalhou a estratégia do grupo e contou com exclusividade a criação de um serviço que fará com que os hotéis da rede, marcas como Ibis, Novotel, Mercure e Sofitel, se convertam em hubs de serviços para a vizinhança. “Temos academia, restaurantes, bares, salas de reunião, espaços de coworking, tudo com descontos de até 30%. Temos também serviços de delivery de comida e outros serviços”, diz Mendes. Batizado de AccorLocal, ele deve entrar em operação em setembro e pode se tornar um negócio maior do que a própria hotelaria. “Contamos com 4.300 hotéis no mundo, 300 deles no Brasil, abertos sete dias por semana, 24 horas por dia. É uma chance enorme.” Acompanhe:
A meta de crescimento do grupo na região é muito ambiciosa. Sair de 335 hotéis para 500 unidades na América do Sul até 2020. Como vai conseguir isso?
Dos nossos hotéis na região, 75% estão no Brasil. E, quando falamos de crescimento, temos regiões muito fortes no mundo. A China, o Brasil e o Oriente Médio e África. No ano passado, entre os 100 países em que atuamos, o Brasil foi o segundo que mais abriu hotel, só atrás da China. Inauguramos 52 hotéis aqui.
O que levou a esse crescimento?
Fizemos aquisições e aproveitamos a crise. Os ativos estavam mais baratos e algumas operadoras com dificuldade. Na nossa indústria, tem que ter força e tamanho para enfrentar as dificuldades.
Os ativos estavam quanto mais baratos?
O mercado sofreu bastante. Se eu pegar o Rio de Janeiro, tivemos uma queda de receita de 30% em dois anos. Em São Paulo, as receitas estão no patamar de 2009. Então, os ativos também baixaram. Diria que de 20% a 30% mais baratos.
Quantos hotéis a rede pretende abrir na região neste ano?
Já abrimos 14 hotéis e vamos chegar ao fim do ano com 40 hotéis abertos. Abrimos um hotel a cada dez dias na América do Sul, sendo 75% no Brasil. Por conta das plataformas digitais, os hotéis hoje precisam vender mais do que as diárias de um quarto.
Qual é a importância dos outros negócios para o grupo?
Hoje, mais de 30% do nosso volume de negócio é feito fora do quarto. Isso vem de restaurante, de bar, de eventos, shows, entretenimento. Temos investido bastante nos nossos restaurantes para compensar a perda que tínhamos na hospedagem. Temos um projeto agora chamado AccorLocal.
Que projeto é esse?
Vamos prestar serviços à vizinhança dos hotéis, não só para os hóspedes. E, quando digo serviços, falo de restaurantes, bar, academia, yoga e delivery. Por exemplo, você tem que entregar o seu terno numa lavanderia até às 19h e não consegue chegar no horário. Você vai ver um Ibis ou um Novotel do lado e, com o cartão fidelidade LeClub AccorHotels, vai poder usar os nossos serviços. Com isso, você pode voar.
Isso já está em prática?
Começou em Paris há oito meses e já temos dez serviços prestados dentro dos hotéis para a vizinhança. Temos academia, restaurantes, bares, salas de reunião, desenvolvimento de coworking, tudo com descontos de até 30%. Temos também serviços de delivery de comida, entre outros. É utilizar o hotel como extensão de sua casa.
Quando virá para o Brasil?
Começaremos em setembro. É a primeira vez que falo isso. Teremos um aplicativo AccorLocal. Você então vai competir com a academia do bairro, com a lavanderia, com o restaurante que entrega… Temos 4.300 hotéis no mundo, quase 300 deles no Brasil, abertos sete dias por semana, 24 horas por dia. É uma chance enorme.
Mas qual é o potencial desse novo negócio para o grupo?
Muitos otimistas dizem que pode ser um negócio até maior do que a hotelaria. Vai também complementar o nosso negócio da hotelaria. As pessoas vão entrar mais nos nossos hotéis. Muitas pessoas não entram nos hotéis porque acham que não podem.