Hilgo Gonçalves acaba de ser reeleito para comandar por mais dois anos a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), que reúne mais de 58 associados. Ele conversou com a coluna sobre o que pretende fazer na nova gestão, por que o crédito ainda é tão caro e como baratear as taxas. Acompanhe:

O que o senhor pretende fazer neste novo mandato?
Quando assumi a Acrefi, pela primeira vez, em maio de 2016, vim com uma experiência de mais de 40 anos no mercado financeiro. Comecei como contínuo e cheguei a ser presidente do banco Losango. Na época, vim para representar melhor o setor e também para buscar a sustentabilidade do crédito, para o uso consciente das informações. É ter mais informações. Do lado do consumidor, a educação financeira para tomar o crédito certo para a necessidade certa. Do lado do banco, dar mais informações ao tomador de crédito. Vamos continuar incentivando isso.

A taxa Selic cai e o crédito continua caro. O que acontece?
Cada vez mais tenho dito que a principal carga do crédito ainda é o custo da inadimplência. Para combater isso, a melhor maneira é a educação financeira. Quando você conhece melhor o consumidor e o consumidor conhece melhor os produtos do banco, a inadimplência é menor. Outra bandeira nossa é o Cadastro Positivo, que já deveria estar funcionando. Ele trará maior conhecimento do cliente que está cumprindo os seus compromissos. O fator risco diminuirá e, consequentemente, a inadimplência será reduzida e o crédito ficará mais barato.

Reduz a inadimplência em quanto?
Vou te dar o exemplo do Chile. Há estudos que mostram que a inadimplência do país foi reduzida em cerca de 40%. Outra coisa importante: a relação crédito/PIB no Chile alcança 100%, enquanto no Brasil essa relação é de 46%. Por que isso acontece? Porque há informações. Com isso, eles emprestam mais e a taxas menores. Portanto, o nome do jogo é informação.

(Nota publicada na Edição 1066 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Pedro Arbex)