Os sinais positivos na economia são visíveis. O real se valoriza, o superávit comercial já atinge US$ 4,5 bilhões em 2003 e as previsões apontam para um crescimento de até 3% este ano. É bom, mas poderia ser bem melhor, desde que houvesse maiores investimentos em infra-estrutura. ?É esse o nosso maior gargalo?, reconhece o presidente do BNDES, Carlos Lessa. Essa deficiência pode ser vista
nas filas de 90 quilômetros que os caminhões de soja fizeram na estrada até o porto de Paranaguá. Ou no porto de Santos, o maior do País, que corre risco de entrar em colapso em três anos. É a parte perversa do Custo Brasil.

Para radiografar o que vem sendo feito ? ou deixando de ser feito ? nesta área , a Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib) acaba de concluir um estudo com números desapontadores. Em 2002, os investimentos foram 29% inferiores aos do ano anterior. Para este ano, prevê-se estagnação. ?O setor público não tem recursos suficientes e o setor privado não respondeu ao desafio?, adverte José Augusto Marques, presidente da Abdib. Na prática, o Brasil se encontra em uma encruzilhada. Não é mais possível reproduzir oque foi feito nos anos 70, quando o Estado investia cerca de 3% do PIB. E o modelo desenhado nos anos 90, com as privatizações, mostrou-se incapaz de assegurar os investimentos necessários. O caso mais notório é o do setor elétrico.

Diante desse quadro, o que se percebe é uma mudança de postura do setor público. Em 2002, os governos foram responsáveis por 34% dos gastos em infra-estrutura. Neste ano, deverá ser próxima a 40%. Para analistas, a saída é dividir a conta. ?Só com parcerias entre o setor público e a iniciativa privada o problema será resolvido?, diz o economista Alberto Borges Matias, da ABM.