Uma casa de leilão de 255 anos que já vendeu Picassos achou um comprador para uma colagem digital e arrecadou US$ 69 milhões para seu autor. Nada mau. Temos helicópteros, mas queremos ver carros voarem e investimentos de bilhões estão sendo feitos para isso acontecer no próximo ano, incluindo a empresa brasileira Embraer. Esse mundo com veículos voadores pode não ser muito crível, estar em universos paralelos, em que estaremos usando óculos para entender tudo. OK, pode ser uma visão futurista demais para 2022, mas uma revolução tecnológica inimaginável dez anos atrás está acontecendo. Com a pandemia, durante dois anos tivemos menos contato com o próximo e o uso da tecnologia para suprir isso, seja por videoconferências no trabalho ou entre família, tornou a tecnologia uma amiga. Então, qualquer coisa que a máquina ou a inteligência artificial faça para melhorar nossa vida, passa a ser bem aceito.

DINHEIRO foi atrás desses avanços que estão atraindo investimentos, quase como um buraco negro. Já é aceito que a tecnologia é uma das únicas formas de estreitar, otimizar e acelerar a produção, ter uma melhor análise do consumidor e do mercado. A comunicação também ganhou, interligando o ecossistema de empresas como uma enorme teia do Homem-Aranha. E ah, o novo filme do personagem é uma ode ao metaverso anunciado, de surpresa, por Mark Zuckerberg em 2021 — na verdade, uma maneira de ampliar e salvar seu negócio já quase “antigo” do Facebook, rebatizado de Meta — e aí, grandes negócios, mesmo que experimentais, podem nascer em 2022.

A Lua é o destino. Outro visionário, esse mais prático e que se pode qualificar de gênio sem medo, vai ganhar mais espaço em 2022: Elon Musk. Sua montadora de carros elétricos, a Tesla, a mais valorizada do mundo, vai lançar seu pontiagudo cybertruck, uma espécie de DeLorean peso-pesado como o usado em De Volta para o Futuro; e sua companhia de foguetes, a SpaceX, vai começar a gastar os US$ 2,9 bilhões que a Nasa lhe deu pra levar o homem de volta à Lua. Mas todos esses projetos são o que se pode ver em zeros e uns. A verdadeira revolução prática vai acontecer no que não se vê, como a Internet das Coisas (a interconexão entre objetos físicos e cotidianos e a transmissão de dados pela internet) — como você acender a luz da sua casa pelo celular. Multiclouds nos negócios, a inteligência artificial provendo melhor analytics e big data, o “smart” indo além de uma TV e chegando em aparelhos domésticos variados, o booster na velocidade que o 5G dará no próximo ano, as criptmoedas como um mercado não controlado por instituições… e a lista prossegue sem fim. Prepare-se para muita coisa nova.

ARTE DIGITAL E MELLANIA TRUMP

O mundo das artes se corrói de ódio, pois colecionadores estão se voltando para a chamada arte digital, o NFT. Não é preciso pincel, nem tinta. Em 2021, a obra Everyday: The First 5000 Days, de Beeple, foi vendida na Christie’s por US$ 69 milhões, tornando o americano o mais valorizado artista vivo do mundo. Outros artistas vão pegar a onda. Surpresa: a ex-primeira-dama dos EUA Melania Trump também, ao colocar uma aquarela digital de seus olhos por 1 solana, criptomoeda que vale hoje US$ 187. Winkelmann realmente é um artista digital, antes do advento do NFT, e tem obras de belos designs em embate chocante com temas quase escatológicos.

A VIDA VIRTUAL

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O cofre de US$ 1 trilhão do metaverso vai começar a ser aberto em 2022. Cidades virtuais em 3D, como já são inicialmente vistas em games como Fortnite, estão em construção e até mesmo a Nasdaq recomenda que você compre um terreninho por lá. Com o anúncio de Mark Zuckerberg de voltar seus investimentos do Facebook para esse negócio, outros estão pulando. Você vai precisar de óculos e esses abaixo têm um design imaginado com base em planos vazados ao longo de dez anos de projeto da Apple. Um traje para que você sinta toques nesse metaverso também é bem-vindo, e ele se chama haptic suit. Provavelmente alguma reunião sua em 2022 será num ambiente assim. Aguarde.

ROBOZINHO AMIGO

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Os robôs são seus amigos. Esse carinha ao lado te segue graciosamente pela casa, passa lembretes, passa vídeo, organiza lista de compras, monitora pessoas idosas, tem um suporte de copo destacável e de noite pode ser ligado como um guardinha hipersensível, notando qualquer presença estranha. Ele é o Astro, da Amazon, a evolução andante de seu Alexa. E espere mais seres como esses por aí.

COMIDA 3D IMPRESSA

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No lugar de comida em pílulas, 2022 verá o crescimento da “comida impressa em 3D”. Calma, são só máquinas com seringas capazes de montar pratos em camadas, como se fosse realmente uma impressora desenhando no papel. O processo aditivo ainda não é capaz de construir um hambúrguer como o da foto, mas doces com purês, mousses e chocolate, sim.

FOGUETE PEGO NO AR

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A SpaceX ganhou o contrato da Nasa de US$ 2,9 bilhões para levar novamente o homem à Lua. A viagem ainda tem tempo pela frente, mas enquanto isso uma imagem de ficção científica vai poder ser vista em 2022: além de seu foguete principal, o Falcon, voltar sozinho e pousar em uma plataforma, agora a cápsula com astronautas retorna e é “pinçada” por dois braços, e em seguida levada cuidadosamente para cima do foguete.

CARROS VOADORES, ASSIM QUE A ANAC DEIXAR

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Parece um drone enorme, carregando passageiros. E é, fora regras futuras da Anac. Os projetos de carros voadores, ou VTol, veículos de decolagem e pouso vertical, estão em andamento. A Embraer e sua subsidiária Eve estão somando pedidos de 600 unidades de seu aparelho, ainda em experimentação. Eles serão 100% elétricos e ecologicamente eficazes, e terão concorrentes de peso no mundo, como a Airbus, Airspace Experience Technologies e Ehang.

MICRO-ONDAS NA GUERRA

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A indústria militar nos EUA gastou em 2021 US$ 705 bilhões. Parte foi para novas tecnologias, como o emissor de micro-ondas de alta potência, batizado Leonidas, capaz de com um pulso “apagar” drones bélicos em pleno voo, como moscas mortas. Foi uma parceria com a startup Epirus, que ganhou aporte de US$ 70 milhões em 2020. As superpotências estariam testando, secretamente, armas sônicas e até revertendo engenharia de supostos UFOs resgatados. Dizem.

O COMEÇO DO 5G

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O 5G será um grande salto. Mais definição e mais banda para vídeos, o que permitirá transmissão de filmes em 8K sem fazer nenhum aparelho suar. Com isso, a Internet das Coisas ganhará mais espaço em seu dia a dia, com aplicativos interconectados ao mesmo tempo. Os aparelhos ficarão mais leves, econômicos. O quão mais rápido será que o 4G? Espera-se que 20 vezes mais. Em 2022, a instalação de antenas ganhará escala.

CADA VEZ MAIS, CURSOS ON-LINE

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A pandemia fechou salas de aula e empurrou alunos para o virtual. Experts avaliam que a moda pegou e um dos grandes negócios de 2022 será os de cursos abertos on-line, sejam eles gratuitos ou com valores moderados. Uma breve análise no que se tem por aí — e quase ninguém sabe — e vemos plataformas como a edX, fundada por Harvard e MIT, com cursos de computação, criptomoedas, como liderar equipes de high-performance, ou Coursera com instrutores de Columbia, Stanford, Yale em Deep Learning, por exemplo, sendo alguns com certificado. Ou cursos mais badalados e pops, como o MasterClass, com professores famosos como o Nobel de Economia Paul Krugman e o diretor James Cameron (abaixo).

CAMINHÕES ELÉTRICOS, A NOVA ONDA

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Não precisaria, mas o Cybertruck elétrico da Tesla é coberto por vidros impenetráveis e aço inoxidável Ultra-Hard 30x. Visualmente, parece futurista demais. Os caminhões e SUVs serão os novos chamarizes desse setor, com modelos da nova montadora Rivian e até mesmo de veteranas, como a Ford. O modelo da Tesla custará US$ 40 mil e a produção e entrega iniciará em 2022, ano em que se projeta ter, no mundo, 22 milhões de carros elétricos rodando pelas ruas.

A TECNOLOGIA QUE VOCÊ NÃO VÊ

Nem tudo é tão palpável no mundo da tecnologia. E 2022 terá muita inovação a fugir dos olhos acontecendo no mundo digital. Grandes empresas já perceberam que, de ponta a ponta, suas vendas podem e vão aumentar se sua infraestrutura estiver em multiclouds. E não só isso: big data e analytics mais imersivos e encapsulados vão permitir ações mais afinadas, em tempo real — e seu ecossistema irá agradecer. A inteligência artificial continuará dependente de data de alta qualidade, dentro de padrões éticos e responsivos, para realmente evoluir — e serão os seres humanos, não as máquinas, os fornecedores desse rumo. Novos modelos de IA criarão experiências de compras mais individualizadas. A máquina estará aprendendo e até já nos copia, visualmente, à perfeição — vide o chamado Deepfake, tecnologia aberta que criou digitalmente atores como Tom Cruise a Morgan Freeman, a ponto de só experts perceberem a diferença. E essa tecnologia nos ajudará a transportar para o metaverso, ou o início dele, em 2022. No aspecto médico, a simples telemedicina já vai criar passo largo para pacientes crônicos, e a própria análise de grandes volumes de dados no setor será essencial para a criação de tratamentos mais assertivos. As criptomoedas, apesar da vocação para ficar fora das amarras do mercado tradicional, ampliarão seu alcance no bolo de investimentos — a bolsa brasileira, inclusive, vai oferecer infraestrutura para a negociação de tokens
em 2022.

EÓLICA E SOLAR EM ALTA

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O ano de 2022 será revolucionário para a energia eólica e solar. A Agência Internacional de Energia estima que o uso da solar no mundo vá aumentar 22%, alavancado por países como os EUA, que dobrarão a quantidade de gigawatts que produzem. O Brasil está entre os 20 países líderes em energia solar no mundo. Já o número de usinas eólicas bateu o recorde em 2021 no País, e espera aumentar 5,5 gigawatts o que produz, para 2022.