Quando os artesãos iniciam a montagem das 12 mil peças que compõem o instrumento, eles não estão fazendo um piano. Ele estão confeccionando um Steinway. Reverenciado pelos grandes pianistas do mundo ? a maioria deles recusa-se a tocar um piano de qualquer outra marca ?, o Steinway é um ícone no universo da música. Os 150 anos de história da legendária marca, completados este mês, foram festejados em alto estilo. No início de março, um concerto no Carnegie Hall, em Nova York, com a presença de grandes músicos como Art Garfunkel, Peter Cincotti e Herbie Hancock, marcou o início das comemorações. Além disso, a Steinway lançou duas edições de aniversário limitadas: um piano criado pelo badalado estilista Karl Lagerfeld e uma recriação de um dos maiores clássicos da Steinway, o piano de cauda tocado pelo antológico Ignace Jan Paderewski em 1891.

A absoluta hegemonia dos pianos Steinway nos grandes concertos e principais conservatórios de música do mundo inteiro acompanha a marca desde a sua criação. A Steinway & Sons foi fundada em 1853 em Nova York pelo imigrante alemão Henry Engelhard Steinway. O primeiro piano, no entanto, havia sido feito na cozinha de sua casa, na Alemanha. Pouco depois ele iria para os Estados Unidos onde montaria a empresa, em Manhattan. Em 1880, Steinway transferiu a produção dos cobiçados instrumentos para a cidade de Astoria, próxima a Nova York. No ano passado, em Astoria, foram produzidos 2.465 exemplares (há uma outra unidade da Steinway, em Hambugo, na Alemanha, que fabricou 1.156 pianos).

Logo no início, o patriarca Henry Engelhard Steinway impôs
uma regra: os pianos seriam feitos artesanalmente, sem pressa e com as melhores matérias-primas encontradas no mercado, pois cada um deveria estar à altura dos maiores músicos, mesmo que fossem comprados por iniciantes. Rapidamente, os Steinway caíram no gosto dos mestres da música. Ao longo de todos esses anos, a companhia vem fabricando os pianos praticamente da mesma maneira. Em média, um Steinway demora um ano para ficar pronto. Detalhe: fabricantes de pianos em grande escala, como Yamaha, por exemplo, levam 20 dias para produzir um exemplar. Cada Steinway é feito com oito tipos de madeira por uma equipe de artesãos provenientes de 25 países.

Todo esse esmero na produção do Steinway está refletido no seu valor. Em média, um exemplar custa entre US$ 50 mil e US$ 60 mil. Há modelos mais nobres, como o piano de cauda East Indian Rosewood Concert Grand, que sai por
US$ 128 mil. Claro, há também os Steinway de colecionadores como o Alma-Tadema, uma releitura do famoso piano ? que leva o mesmo nome ? criado em 1887. A peça pertence ao colecionador De Voe Moore e está avaliada em US$ 675 mil. Assim como qualquer obra de arte, um Steinway também é um investimento de longo prazo. Nos últimos dez anos, os pianos da memorável marca tiveram uma valorização média de 200%.

No Brasil, existem poucas lojas que vendem pianos Steinway. Um das mais tradicionais é a Aronne, de Giovanni Aronne (afinador dos pianos do Teatro Muncipal), em São Paulo. Lá, é possível comprar todos os modelos de Steinway. Entre os mais caros está o piano de cauda inteira, que sai por US$ 50 mil.

Para comemorar os 150 anos da Steinway, Karl Lagerfeld criou um modelo que já está sendo disputado pelos colecionadores. O piano é feito em laca preta por fora e vermelha por dentro, como se fosse uma daquelas caixinhas japonesas. Segundo Henry Steinway, neto do fundador e atual chairman emérito da empresa, durante um século e meio a Steinway fez mais de 560 mil pianos com o mesmo padrão de qualidade. ?O segredo é manter o mesmo espírito do meu avô, Henry Engelhard Steinway.