O executivo Matthew Upchurch, nascido no México de pais americanos, comanda a maior rede de agências de viagens de luxo do planeta, com faturamento de US$ 21 bilhões no ano passado. Ele viaja o mundo em busca de novos clientes e mapeando oportunidades de negócios. Em uma dessas viagens, em Las Vegas, falou à DINHEIRO sobre o Brasil e como a indústria do luxo atravessou a crise. Acompanhe sua entrevista:

O Brasil perdeu relevância no mapa-múndi do mercado do turismo de luxo?
A crise brasileira prejudicou muito o crescimento do setor, mas não fez o País andar para trás. Apenas não houve crescimento. O Brasil é o segundo destino dos clientes da Virtuoso na América do Sul, atrás do Chile. Depois de um período de estagnação, entre 2015 e 2016, as vendas aumentaram 11% no ano passado. Seja com crise ou sem crise, o Brasil é sempre atraente para viajantes de luxo por sua diversidade de cultura e de destinos. Há muita arte, cultura, história e gastronomia. Posso te garantir que, tanto no Brasil como no mundo, o mercado de luxo nunca esteve tão forte.

As agências tradicionais não irão desaparecer com a popularização das vendas pela internet?
No mercado de luxo, a internet impacta menos do que nas outras categorias. Mesmo assim, a internet tem se tornado um aliado. O cliente entra no site, escolhe o pacote de luxo que mais lhe agrada e, em seguida, procura por um dos nossos agentes de viagem. Nada substitui o contato humano, o sorriso, a confiança de um especialista, o olho no olho. Nossas agências se especializam em um destino, um estilo de viagem que não é possível determinar pela internet.

Os consumidores estão mudando seus hábitos de consumo?
Não. Estão sofisticando seus gostos e, cada vez mais, buscando novas experiências. Não apenas novos destinos. Por isso, o mercado de luxo terá de se aprimorar para sempre oferecer algo de novo, algo fora do convencional. O futuro do nosso setor dependerá disso.

(Nota publicada na Edição 1052 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Rachel Rubin e Machado da Costa)