Na segunda-feira (27), o banco BTG Pactual anunciou a compra de 100% do capital da corretora Necton por R$ 348 milhões. A Necton surgiu em 2018 como resultado da fusão entre duas corretoras muito tradicionais, a Spinelli e a Concórdia, ligada à família Fontana, fundadora da Sadia. O CEO da Necton, Marcos Maluf, permanecerá à frente da operação.

Como o senhor vê a aquisição da Necton pelo BTG Pactual?
O sucesso da Necton validou uma tese, a de que mesmo em um negócio maduro como corretagem era possível que duas empresas tradicionais e independentes dos grandes conglomerados financeiros, a Spinelli e a Concórdia, atuassem de maneira disruptiva e prosperassem no mercado.

Qual o tamanho e a estratégia da Necton?
Quando a Spinelli e a Concórdia se fundiram, o total de ativos sob custódia era de R$ 6 bilhões. Agora, em menos de três anos, esse total avançou para R$ 16,1 bilhões. Começamos com 20 mil clientes ativos, e hoje temos 50 mil em nossa base. Tivemos lucro em 2019, nosso primeiro ano de atuação conjunta, e esperamos um resultado positivo também neste ano. Nosso plano estratégico já previa investimentos de boa parte da nossa geração de caixa desde o começo, em um movimento que deve prosseguir por mais dois anos.

Quem procurou quem?
Um de meus princípios é respeitar meus concorrentes, mas não ter medo deles. Então, nunca tivemos problemas em conversar com outras empresas. Nesse sentido, sempre conversei bastante no mercado, inclusive com os executivos do BTG Pactual. Há alguns meses, percebemos que as conversas convergiam e que havia uma coincidência muito grande em como ambas as empresas enxergavam o futuro do negócio. Essas conversas se aceleraram bastante ao longo de outubro, até culminar no fechamento do negócio.

O que vai mudar com a aquisição?
Para os nossos clientes, muito pouco. Sempre colocamos o cliente no centro da operação, e isso vai continuar. Os clientes continuarão sendo atendidos pelas mesmas pessoas. A operação da Necton vai permanecer independente tanto em termos de gestão quanto em termos de plataforma. O que vamos agregar são recursos de um banco que tem a maior plataforma de investimentos da América Latina, tanto em termos de abrangência de mercado quanto em termos de tecnologia. E vamos buscar as sinergias possíveis, mas sempre pensando em melhorar a experiência do usuário.

O senhor permanece à frente da Necton?
Sim, vou continuar como CEO. Outros dois executivos, Rafael Giovani e Ralf Berger, continuarão comigo à frente do projeto. Todos nós vamos nos tornar sócios do BTG.

Como será o futuro do mercado brasileiro?
Com muito otimismo. Ainda estamos no princípio de um processo de aumento da sofisticação dos mercados financeiro e de capitais, conhecido como financial deepening. O mercado vai se sofisticar e aumentar de tamanho. Veja, por exemplo, o número de participantes da bolsa. Levou anos para que os 500 mil do início da década passada se transformassem em 1 milhão. Agora, o total de participantes subiu de 2 milhões para 3 milhões em poucos meses. Isso mostra que o mercado brasileiro está longe da maturidade.

PESQUISA
Eles preferem as ações

Levantamento da Fliper, plataforma que agrega todos os investimentos do usuário de forma automática, mostra que as aplicações em ações e em renda fixa pós-fixada lideram a preferência dos usuários com mais de R$ 300 mil de patrimônio. As ações na bolsa de valores correspondem a 33,07% do total, enquanto a renda fixa pós-fixada representa 22,52% do total. Os fundos multimercados ocupam a terceira posição na preferência, com 19,17%, seguidos por fundos imobiliários (8,27%), renda fixa indexada à inflação (8,20%) e renda fixa pré-fixada (3,74%). Completam a lista os investimentos em conta corrente (2,97%), dólar (1,73%) e ouro (0,33%). Os dados foram divulgados na segunda-feira (26).

RESULTADOS
Banco da Renault lucra mais

O Banco RCI Brasil, braço financeiro das montadoras Renault e Nissan, apurou, no primeiro semestre de 2020, lucro líquido de R$ 100 milhões, aumento de quase 7% em relação ao resultado registrado no mesmo período de 2019. O patrimônio líquido também apresentou elevação e atingiu R$ 1,336 bilhão, alta de 1,6% em relação ao R$ 1,315 bilhão apurado no final de 2019. Em 30 de junho de 2020, os ativos totais atingiram R$ 11,8 bilhões, ante R$ 12,5 bilhões em dezembro do ano passado. Os ativos estão representados, principalmente, pelas operações de crédito e de arrendamento mercantil no montante de R$ 9,5 bilhões.

Número da semana
3,1% 

Foi o percentual da taxa de inadimplência registrado em setembro pelo Banco Central (BC). A informação, divulgada na segunda-feira (26), mostra que houve pequena queda em relação ao mês de agosto, quando a inadimplência das famílias estava em 3,3%. O resultado de setembro também é o menor da séria histórica iniciado em março de 2011. Por causa da pandemia, havia o receio de que o índice aumentasse. Mas de junho para cá o movimento tem sido de redução das contas atrasadas há mais de 90 dias. Entre as possíveis razões para o fenômeno estão as renegociações e repactuações de financiamentos e a possibilidade de adiar parcelas. Para o BC, a concessão do auxílio emergencial de R$ 600 também contribuiu para o efeito positivo na medida em que ajudou a recompor a renda das pessoas. Agora, é preciso aguardar para saber o impacto que a diminuição do valor do auxílio poderá ter no percentual de famílias endividadas.