Como vem ocorrendo desde 2017, mais uma vez DINHEIRO publica o prêmio Melhor Banco e Plataforma para Investir (MPBI), avaliação que mostra quais gestores de recursos oferecem os melhores produtos e serviços para o investidor. O prêmio é elaborado pelo Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGVCef), com a coordenação do professor William Eid Júnior, um dos maiores especialistas em finanças do Brasil.

Segundo Eid, o MBPI é o único que inclui critérios quantitativos e qualitativos. No critério quantitativo, para serem avaliados, os fundos precisam ter 36 meses de histórico e estar comprovadamente abertos para o investidor. Os que se enquadram são analisados por sua relação risco/retorno, medida pelo índice de Sharpe, metodologia desenvolvida pelo prêmio Nobel de Economia William Sharpe.
O índice de Sharpe compara o desempenho do fundo com o de um investimento sem risco. Por esse critério, os fundos mais rentáveis e que, simultaneamente, expuseram os investidores a menos riscos, são os melhor avaliados, considerando-se os 25% da amostra com melhores notas.

A parte qualitativa é analisada com a colaboração da empresa de pesquisa de mercado Toluna, parceira do FGVcef, que realiza 1 mil entrevistas com investidores para obter a avaliação da qualidade dos serviços prestados pelas instituições financeiras.

SANTANDER O MELHOR

Da mesma forma que 2021, este ano será desafiador para os gestores de recursos. O principal executivo da empresa de gestão do Banco Santander, Carlos André, sabe bem disso. Porém, o executivo tem bons motivos para comemorar. No ano passado, sua empresa foi a vencedora do MBPI. Além de melhor na gestão de fundos “money market”, que oferecem risco baixo e liquidez, o banco liderou nos segmentos de mercado Varejo e Alta Renda. “Esse reconhecimento é especialmente importante porque ressalta nosso trabalho de gestão e de distribuição de produtos e investimentos”, disse ele.

A gestora do Santander é grande. Oferece 550 fundos, que possuem um patrimônio conjunto de R$ 301 bilhões. “Cobrimos todo o espectro da indústria, tanto em produtos quanto em perfis de clientes, atendendo desde o investidor institucional até o cliente do varejo”, disse ele. Para 2022, André prevê um cenário difícil. A estimativa do banco para o crescimento da economia é de 0,5%, um pouco acima da média do mercado. No entanto, o Santander também espera uma inflação novamente acima da meta e muita volatilidade. Isso não é necessariamente um problema. “Volatilidade gera oportunidades”, disse André.

ITAÚ RENDA FIXA

Segundo o principal executivo da empresa de gestão de recursos do Itaú, Carlos Augusto Salamonde, 2021 foi marcado por dois momentos. No começo do ano havia uma forte demanda por aplicações mais arriscadas, que mudou no terceiro trimestre. “Recebíamos cerca de R$ 100 milhões por dia para aplicações de risco no primeiro semestre, e entre agosto e setembro os fundos de renda fixa, tanto DI quanto de crédito, passaram a receber R$ 250 milhões por dia”, disse ele. “O dinheiro não saiu dos fundos mais voláteis, apenas deixou de entrar.”

A capacidade de receber bem esse dinheiro fez o Itaú ganhar o prêmio de melhor gestor de fundos de Renda Fixa nesta edição do MBPI. Nos segmentos de mercado, ele foi o melhor no Varejo Seletivo. Salamonde disse prever uma continuidade da fuga do risco, com ênfase nos fundos dedicados a crédito. “Eles oferecem a possibilidade de um retorno adicional em relação à renda fixa”, disse.

BB DTVM AÇÕES

A BB DTVM foi a vencedora desta edição do MBPI na categoria Fundos de Ações. O que garantiu o prêmio à empresa de gestão de recursos do Banco do Brasil foram dois quesitos, a quantidade de fundos que receberam a nota máxima entre os 70 oferecidos e as boas notas nas taxas de administração e no investimento (ticket) médio.

Segundo o estrategista-chefe de ações, multimercado e investimentos offshore da empresa, Marcelo Arnosti, o cenário para a renda variável em 2022 é incerto, mas mesmo assim a visão é positiva. A queda de quase 12% em 2021 barateou as ações de muitas empresas com bons fundamentos. “Os setores ligados a commodities são promissores, assim como as empresas ligadas à educação”, disse Arnosti. Para ele, o crescimento mundial elevado esperado para este ano garante uma demanda aquecida para as commodities. No cenário interno, a esperada normalização das atividades será benéfica para as empresas de educação. “Elas serão beneficiadas com a retomada das matrículas no primeiro semestre”, disse ele.

SAFRA MULTIMERCADOS

A gestora de recursos do banco Safra foi a melhor na categoria fundos Multimercados pelo segundo ano consecutivo. O banco também foi o segundo colocado nas categorias Renda Fixa e Ações e, na competição dos segmentos de mercado, ficou em segundo lugar entre os investidores de Alta Renda nesta edição do MBPI. Segundo o principal executivo, Ricardo Negreiros, o resultado derivou do trabalho conjunto de vários times de analistas, tanto do setor de ações quanto de macroeconomia.

Economista com 18 anos de experiência no mercado, Negreiros está no Safra desde 2016. Em sua avaliação, 2022 será um ano desafiador, tanto pelo calendário eleitoral quanto pelas incertezas em relação à economia internacional. Fiel à filosofia do Safra de calcular milimetricamente os riscos, a empresa de gestão preferiu se concentrar em aplicações rentáveis e menos arriscadas para enfrentar as turbulências. A estratégia é fácil de justificar, disse o executivo. “É mais simples elevar o risco da carteira se percebermos que o cenário está melhor do que o previsto do que migrar para aplicações mais conservadoras se as coisas piorarem, pois haverá uma grande demanda por proteção.”