Ainda criança, os pais do pequeno Stephen Wolfram o achavam muito desatento. Logo ficou claro, no entanto, que a aparente distração escondia na verdade um talento nato para a abstração e para a matemática. Nascido em Londres, em 1959, filho de judeus, ele conquistou, aos 13 anos, uma bolsa para Eton, escola da elite inglesa. Mas se entediou rápido com as aulas. Preferia estudar sozinho e gastar parte do tempo livre resolvendo problemas para os colegas e cobrando por isso.
 

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“Fazemos algo diferente dos sites de buscas. Por esse motivo, faz sentido fechar parcerias com eles” 
Stephen Wolfram, criador do Wolfram|Alpha

Ali já ficavam claras as características que o marcariam: a rebeldia contra a academia, o estilo excêntrico, a inteligência apurada e a facilidade para ganhar dinheiro. Hoje, aos 50 anos, Wolfram está às voltas com o seu “mais ambicioso e complexo projeto”, o site de buscas na internet Wolfram|Alpha, que organiza o conteúdo na web de uma forma diferente de tudo o que você viu.

E, ao contrário de uma série de iniciativas que surgiram nos últimos anos, ele não quer ser um competidor do Google. “Fazemos algo diferente dos sites de buscas”, declarou Stephen Wolfram, em entrevista exclusiva à DINHEIRO, um físico por formação, mas que fez fortuna ao desenvolver um software de matemática usado em empresas, centros de pesquisas e universidades. “Por esse motivo, faz sentido fechar parcerias com eles”.

O site Wolfram|Alpha não busca as respostas na web. Tampouco oferece links para outras páginas, como os líderes de mercado Google, Yahoo e Bing. Em vez disso, ele tem uma gigantesca base de dados, de intermináveis pilhas de livros e enciclopédias.

Mas não é só. Ele traz também dados de fontes oficiais que são usados para apresentar respostas em tempo real. Para usá-lo, basta digitar uma palavra ou várias, ou até fazer uma pergunta em inglês – ele ainda não “fala” português – e a resposta é dada, não raro, com gráficos, mapas e tabelas. Digite, por exemplo, a palavra “Brasil”.

O resultado traz informações sobre PIB, população, mapas e uma série de outras estatísticas do País. “Uma curiosidade é que a maior parte das pesquisas feitas no Wolfram|Alpha, quando realizadas nos sites de buscas comuns, não encontra nenhum resultado”, conta o cientista. “Portanto, são perguntas que ninguém escreveu anteriormente, mas cujas respostas podem ser respondidas pelo nosso sistema.”

Por trás do novo site – que tem pouco mais de um ano de vida – roda o software Mathematica. Criado por ele aos 27 anos, o programa que faz cálculos matemáticos complexos fez a fortuna de Wolfram. O aplicativo ainda gera receitas anuais estimadas na casa de US$ 50 milhões para sua empresa. É daí que ele tira o dinheiro para investir no sistema de busca.

Até agora, sua única fonte de renda é uma parceria com a Microsoft, que usa o Wolfram|Alpha integrado ao seu mecanismo de buscas Bing. Wolfram, no entanto, avisa que em breve deverá começar a vender publicidade para o site.

Essa é a forma como o Google e os outros competidores ganham dinheiro neste mercado. Nos Estados Unidos, as receitas de publicidade com busca atingiram US$ 10,7 bilhões em 2009, 47% de todos os recursos que são investidos na publicidade online, segundo pesquisa da IAB, entidade que representa as empresas de mídia interativa. Com mais de 200 profissionais trabalhando no site, é hora de Wolfram começar a pensar rápido em gerar fluxo de caixa. Como bom matemático, ele sabe que, sem dinheiro, a conta não fecha.