Na última segunda-feira (25), Jair Bolsonaro acabou com as chances dos críticos de seu governo dizerem que o País não tem um plano institucional voltado à economia verde. Em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, o Messias – sem máscara – junto aos ministros Tereza Cristina (Agricultura), Paulo Guedes (Economia) e Joaquim Leite (Meio Ambiente) lançou o Plano Nacional de Crescimento Verde (PNCV).

O ritual se assemelhou muito àqueles que uma empresa faz quando precisa responder publicamente a qualquer tipo de pressão vinda de funcionários ou consumidores: reúne os principais executivos atrás de um púlpito, chama a imprensa, poupa o presidente de um discurso no qual não acredita, dá a palavra para um executivo com boa retórica e como solução mágica para todos os problemas anuncia a criação de um comitê.

Tensão e temores de naufrágio a três dias do início da reunião mundial sobre o clima COP26

Assim, por meio de decreto presidencial, foi criado o Comitê Interministerial de Mudanças Climáticas e Crescimento Verde do Brasil. Essa é a grande ação anunciada em 45 minutos de cerimônia e com a qual o governo, nas palavras de Paulo Guedes, fará “o relançamento do Brasil como potência verde no mercado internacional” em plena COP-26 — a mais importante cúpula sobre mudanças climáticas desde sua criação há quase 30 anos. De plano de ação em seu significado mais prático, nada. Ainda que de acordo com o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, o PNCV tenha como objetivos a redução de emissões, a conservação florestal e o uso racional de recursos naturais com geração de empregos verdes, nenhuma palavra foi emitida sobre como isso será feito, qual meta a ser alcançada e em que prazo.

Isso, senhor presidente é greenwashing. Caso não conheça, o termo significa “lavagem verde”, ou seja, divulgação de ações supostamente ambientais para fins de marketing e relações públicas. Isso pode até colar por aqui, já na COP…

No circo armado, somente a ministra Tereza Cristina, que de fato vem impulsionando o crescimento da agricultura sustentável em sua gestão, comunicou que o Plano de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) terá a meta de mitigação de emissões ampliada: de 170 milhões de CO2 capturados de 2010 a 2020,  para 1,1 bilhão de toneladas até o fim desta década. Fará isso incorporando mais duas técnicas de agricultura sustentável às dez já elegíveis a financiamentos verdes. São elas a terminação intensiva de bovinos a pasto (modalidade de engorda dos animais para o abate, que traz a proposta do confinamento aplicado a animais a pasto) e sistemas irrigados de agricultura.
Faltaram os detalhes de onde virão os recursos. Esses talvez cheguem com o avanço do trabalho do Comitê Interministerial. Grupo que, ao menos no papel, alinhará dez ministérios nas metas para a construção da economia verde no Brasil em encontros bimestrais. Ah! Ainda falta definir as metas.