A SUBIDA RÁPIDA E IMPIEDOSA do dólar assusta. Quem se animou com a queda da moeda ao patamar de R$ 1,55, ocorrida em agosto, e começou a se planejar para as férias no Exterior, hoje busca em pacotes nacionais uma alternativa mais econômica. Mas será mesmo? O dólar subiu e a incerteza sobre até que ponto ele poderá se valorizar incomoda os viajantes. Mas o turismo nacional também não está barato e, em muitos casos, mesmo com o dólar perto de R$ 2,20, os preços de pacotes de qualidade equivalente, nacionais e internacionais, não são muito diferentes. ?O problema é que o brasileiro faz turismo de compras. Não o turismo cultural. E o que o afugenta é não poder gastar tanto em compras?, explica Rocco Laieta, proprietário da agência de turismo Tivoli, em São Paulo. Segundo Laieta, cerca de 20% das reservas de pacotes internacionais de sua agência foram canceladas. Por isso, apertar os cintos na hora do consumo durante a viagem pode fazer valer a pena o passeio com o dólar acima de R$ 2. Escolher destinos onde a moeda não esteja supervalorizada é uma opção, como México, África do Sul, Argentina e ilhas do Caribe.

Um pacote de seis noites em hotel cinco-estrelas em Cancún, no México, sai por US$ 2.156, por pessoa, na Tivoli. Em reais, o valor sairia R$ 4.678 *. Já um pacote de sete noites para um resort da mesma categoria em Fortaleza sairia por R$ 4.150. Ambos com passagem aérea inclusa. ?Os preços estão variando muito. Tudo está extremamente volátil?, afirma Laieta, que acredita que os preços de pacotes internacionais tendem a cair no decorrer dos próximos meses. ?Há muito temor nos destinos de que o número de turistas vai diminuir. Pode haver queda de preços ou oferta de mais serviços pelo mesmo valor?, explica. Na agência Going, em Campo Grande (MS), especializada em intercâmbios, a queda também foi sentida. Dos 30 inscritos para o programa de trabalho de férias nos EUA, apenas um concretizou a compra. Outros que haviam se programado para intercâmbio de um ano diminuíram o tempo para seis meses. Apesar disso, alguns pacotes se mantiveram. ?São, na maioria das vezes, adolescentes que têm a viagem patrocinada pelos pais. E têm pais que querem dar isso para os filhos, independentemente do dólar?, diz a proprietária Vanessa Feitosa.

Na Going, um pacote de seis noites em Cancún, em hotel quatro-estrelas, com passagem aérea, sai por US$ 1.640 ou R$ 3.558*. Enquanto o nacional para Ilha de Itaparica, na Bahia, em hotel cinco-estrelas, custa R$ 3.710. Outra opção para os que querem manter a viagem ao Exterior é o aluguel de casas. Uma residência para oito pessoas em um condomínio fechado em Orlando sai por US$ 129 a diária na IGT! Consultoria de Viagens. Já no site Vacation Home Rentals, o aluguel de uma casa para o mesmo número de pessoas pode sair por US$ 125 a diária. Independentemente do tipo de viagem internacional que se faça, o principal conselho para não se assustar com a fatura do cartão de crédito é levar a maior parte do dinheiro a ser gasto, deixando o cartão apenas para emergências. Quem se programou antes e comprou dólares pouco a pouco, tem sua viagem garantida com um dólar médio mais barato. ?Para os que estão se programando agora, a dica é comprar um pouco a cada semana, até o dia da viagem. Tentar adivinhar o preço do dólar daqui para a frente é um grande erro. E o turista, comprando devagar, pode conseguir tarifas mais interessantes?, aconselha o consultor Conrado Navarro, do site Dinherama.