26/06/2020 - 10:30
É um encontro de gigantes. Com 175 anos de história, patrimônio líquido de R$ 12 bilhões, uma carteira de crédito de R$ 110 bilhões e cerca de R$ 1 trilhão em valores agregados sob sua gestão, a marca Safra é reconhecida pela solidez e segurança em todos os mercados nos quais atua. A esses atributos, somam-se agora as credenciais de um dos mais influentes economistas brasileiros: o carioca Joaquim Vieira Ferreira Levy, de 59 anos, doutor pela Universidade de Chicago, ex-ministro da Fazenda, ex-presidente do BNDES e desde 2016 atuando como diretor-geral e diretor financeiro do Banco Mundial. Na terça-feira (23), Levy foi anunciado como responsável pela área de macroeconomia e de relações com o mercado. À reportagem da DINHEIRO, ele confirmou a contratação, mas preferiu manter sigilo sobre os desafios que o aguardam na nova função. O executivo chega no momento em que o banco lança uma nova estratégia de comunicação, retomando uma frase de seu fundador, Jacob Safra (1891-1963), que vem a calhar nos tempos atuais: “Se escolher navegar os mares do sistema bancário, construa seu banco como construiria seu barco: sólido para enfrentar, com segurança, qualquer tempestade”. A mensagem, evidente é que, mesmo em meio à crise, há formas seguras de investir e buscar bons resultados. E dificilmente haveria um nome mais apropriado que o de Joaquim Levy para reforçar a imagem de segurança junto a investidores.
Embora tenha ficado mais conhecido dos brasileiros por ter comandado o ministério da Fazenda durante o primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff, Levy ocupou cargos em grandes instituições dentro e fora do Brasil (leia o quadro em destaque). Bem antes de atuar na gestão pública, inicialmente como secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, Levy fez carreira no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Central Europeu, com atividades nas Divisões de Mercados de Capital e de Estratégia Monetária. Após ter se desligado do Tesouro Nacional, do qual foi secretário entre 2003 e 2006, passou a ocupar a vice-presidência financeira do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Os cargos que melhor o credenciam para a posição que assume no Safra, contudo, são exatamente os que Levy ocupou antes de se tornar ministro: estrategista-chefe e diretor superintendente da Bradesco Asset Management. Ex-colega de Levy na equipe econômica do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, o sócio-fundador da Mauá Capital e ex-diretor do Banco Central Luiz Fernando Figueiredo acredita que o ex-ministro será de grande valor para o Safra e poderá fazer muita diferença. “O Brasil deve bastante ao trabalho que o Joaquim Levy fez em várias frentes”, diz Figueiredo. “Ele desempenhou de forma a sempre engrandecer os cargos que ocupou, tanto na iniciativa privada quanto no setor público.”
COMPETIÇÃO Assim como tem ocorrido com outros bancos tradicionais, o Safra sabe que precisa de mais argumentos para fazer frente à concorrência crescente de novas plataformas de investimento, fintechs e bancos digitais. Ainda que a tradição pese, a possibilidades de ganhos maiores a partir de propostas mais agressivas de retorno sobre o valor aplicado é o que faz brilhar o olho dos clientes. Com a taxa Selic nos atuais 2,25% ao ano, a menor da história, a tendência é haver uma migração crescente para aplicações de maior risco. E a competição para atrair liquidez será ainda mais acirrada. É aí que alguém com a experiência de Joaquim Levy pode mudar o jogo. Ele sabe, como poucos, como essa indústria funciona e tem autoridade para assegurar que o dinheiro do investidor permaneça em boas mãos, independentemente da tempestade que esteja se formando no horizonte.