Aqui no Brasil já se especula que o maior IPO do ano – e possivelmente um dos maiores da história da B3 – será protagonizado pela Raízen, gigante nos setores de produção de combustíveis e energia. O agro também estará no centro de outra abertura de capital importante: a Syngenta planeja listar suas ações na bolsa de Xangai em uma operação que pode levantar US$ 10 bilhões. Com isso, a empresa pode ser avaliada em US$ 60 bilhões e o IPO será o maior do ano.

Uma das maiores companhias de sementes e insumos do mundo, a Syngenta foi comprada pelo conglomerado chinês ChemChina em 2016 por US$ 43 bilhões, maior aquisição estrangeira da China até hoje. Hoje, ela integra a Syngenta Group, que inclui as operações da Sinochem, outra gigante do setor de agroquímicos, e a israelense Adama, que desenvolve soluções de proteção a cultivares.

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É importante acompanhar os desdobramentos desse IPO por uma série de razões. Toda a estratégia chinesa envolvendo a Syngenta aponta para um interesse em reforçar a produção local de grãos. Não é à toa que a aquisição da empresa foi a maior já feita pela China: com a tecnologia de sementes e agroquímicos desenvolvida pelos laboratórios da companhia, o governo chinês quer empoderar os agricultores locais no disputado mercado de commodities.

A Syngenta afirmou também que parte dos recursos captados na abertura de capital será utilizada para acelerar a estratégia de aquisições. E a empresa é conhecida como uma das mais corporações mais ativas em termos de investimento e aquisições no agronegócio. Em 2018, por exemplo, comprou a startup brasileira Strider, reforçando sua atuação na agricultura digital. No ano passado, comprou a italiana Valagro, que desenvolve soluções biológicas. A startup ucraniana de monitoramento Cropio e as americanas FarmShots e AgConnections, de gestão da propriedade, são outras das compras recentes. Dessa forma, a Syngenta vai expandindo sua atuação e cobrindo diversas áreas do setor. 

Além disso, há uma possibilidade de que a atenção recebida pela gigante do agro aumente o interesse dos investidores por outras empresas do setor. E não faltam opções de empresas do setor agrifoodtech se preparando para abrir o capital. Entre as startups de alimentos inovadores a sueca Oatly, conhecida pelos leites vegetais, e a Eat Just, que desenvolve substitutos à base de plantas para ovos, são apenas duas delas. São exemplos de startups conhecidas na bolha agtech, mas que podem ganhar ainda mais relevância após os IPOs.