Ao passear pelos mares de Bali ou caribe, o turista pode ter a experiência paradisíaca que tanto namorou em fotos frustrada. A culpa? Do plástico. Centenas de garrafas, copos e sacolas boiando no mar ou presos nas praias. Em águas profundas são 14 milhões de toneladas, segundo a agência científica australiana CSIRO’s. A bem da verdade, a culpa é do homem com seu comportamento arraigado de jogar o lixo em qualquer lugar. Só no Brasil são 80 milhões de toneladas de resíduos por mês. Ruim para o turismo, e péssimo para o planeta. Com o aumento da consciência de que é preciso reverter rapidamente o lixão em que a Terra está se transformando, governos começam a investir em economia circular, reciclagem e usinas para geração de energia por meio de resíduos. Por aqui, o esforço para construir essa cadeia cabe mais à iniciativa privada, como a startup TrashIn, que quer faturar R$ 8,5 milhões no ano com lixo.

Ainda que bem definida pelos sócios Gustavo Finger, Rafael Dutra, Renan Vargas e Sérgio Finger, a meta é um desafio para a empresa que nasceu em 2012 de um hackathon (evento para criação de soluções inovadoras com uso da tecnologia), ganhou força após os sócios largarem a carreira executiva para se dedicar ao negócio em 2015, mas que até hoje não trouxe o lucro esperado. Segundo Renan Vargas, os altos custos da reciclagem se mostraram um obstáculo não mapeado. “Cometemos um erro matemático.” Foi então que repensaram o negócio e passaram a oferecer serviços de gestão de resíduos — coleta e a destinação dos resíduos gerados pelos clientes, sejam orgânicos ou recicláveis —e de logística reversa. Nesse modelo, a startup cria e instala pontos de coleta de resíduos, trata o material, envia para as cooperativas e entrega um arcabouço de dados estruturados sobre os resíduos para os clientes.

8o milhões de tonaladas é o volume de resíduos gerados no Brasil por mês

Sem lucro, o jeito de se capitalizar e crescer foi ir a mercado. Foram três rodadas de captação que totalizaram R$ 2,2 milhões. A primeira, no early stage e as duas últimas no modelo de crowdfunding com a CapTable. Agora preparam a terceira. “É o jeito para crescermos, porque com caixa próprio o processo até ganhar escala seria muito longo”, disse Vargas. Uma empresa de sustentabilidade demora a tracionar, mas o cofundador garante que os resultados aparecem. Somente em 2021, as 22 cooperativas parceiras receberam R$ 600 mil com resíduos. Clientes como Havaianas, iFood e Unimed passaram a ter uma gestora de resíduos para estar em conformidade com as melhores práticas ESG e já a TrashIn comemora seus 29 colaboradores, presença em dez estados e trabalha para chegar aos milhões prometidos ao acionista.