O mês de abril chega ao fim e com ele o prazo para que estados e municípios apresentem os dados sobre a gestão de resíduos sólidos ao Sistema Nacional de Informações (Sinir).

A obrigatoriedade da transparência foi estabelecida por Política Nacional criada em 2010 para promover uma melhor gestão do lixo que, ao ser descartado irresponsavelmente, contamina água, solo e se transforma em problema de saúde pública. Quem não apresentar os dados fica de fora do programa Lixão Zero, que já consumiu R$ 100 milhões em investimentos distribuídos pelo governo federal para criação de infraestruturas de descartes responsáveis.

Na esteira da dificuldade dos órgãos públicos em lidar com mais de 79 milhões de toneladas de resíduos descartados por brasileiros anualmente, cresce a importância das cooperativas de reciclagem. O Programa Recupera é um exemplo.

Em 2020, a iniciativa de logística reversa de embalagens investiu mais de R$ 1,3 milhão na melhoria da infraestrutura, equipamentos, gestão e logística de recuperação dos materiais. Cerca de 90% foram destinados a 71 cooperativas que garantem renda média de R$ 984,62 para um contingente formado por 732 homens e 706 mulheres no Brasil.

Com os esforços, cumpriu a meta de coletar 17,8 mil toneladas de resíduos, volume com potencial de redução de emissões de 7,5 mil toneladas de CO2. Segundo o Relatório de Resultados do Recupera, a economia do carbono se dá pela diminuição da produção de materiais virgens equivalente ao volume coletado (85% do volume de redução de CO2), e pela redução do metano (15%) que seria emitido na decomposição dos materiais. Mais um exemplo de que todo problema pode ser uma oportunidade.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1220 da Revista Dinheiro)