O ator americano George Clooney chamou atenção em junho por um feito distante do mundo das atuações cinematográficas. Ele vendeu, por US$ 1 bilhão, a sua empresa produtora de tequila, a Casamigos, fundada em parceria com dois de seus amigos. A compradora foi a Diageo, dona de estabelecidas marcas de bebidas como Johnnie Walker, Smirnoff e Guinness. Foi uma bela tacada para quem não tem o empreendedorismo como primeira atividade profissional. Mas está longe de ser um sucesso inédito entre as celebridades. E também não é o maior deles. A bela atriz Jessica Alba conseguiu fazer a sua empresa, a The Honest Company, voltada a produtos de higiene, beleza e alimentos ecologicamente e eticamente corretos, ser avaliada em US$ 1,7 bilhão.

Clooney e Alba são dois exemplos de artistas que possuem um lado B, de “business”, bem apurado. O empreendedorismo entre as celebridades não chega nem a ser uma novidade. A atriz Joan Crawford, grande estrela de Hollywood entre as décadas de 1930 e 1950, chegou a fazer parte do conselho de administração da Pepsico, de 1959 a 1973. Ela foi eleita para a posição após a morte do seu marido, o chairman da empresa, Alfred Steele. Também no Brasil há casos de celebridades que acertaram nos negócios. A apresentadora Ana Hickmann empresta o seu nome para mais de 3 mil produtos como roupas, esmaltes e bolsas, que são vendidos até em lojas próprias. O objetivo da empreendedora é ter 40 unidades até 2020.

Empreender serve como uma forma de garantir a preservação do patrimônio. “Essas pessoas sabem que o sucesso artístico costuma não durar para sempre. Normalmente, elas não ficam no dia a dia da empresa, mas emprestam a sua imagem e conceito para o negócio”, diz Letícia Menegon, coordenadora do centro de empreendedorismo da ESPM. “Por isso, precisam ser bem assessoradas financeiramente e contar com uma boa equipe de gestão.” Mas é preciso saber aproveitar as oportunidades que surgem para as celebridades que possuem boa reputação.

Algumas buscam um caminho diferente, o de investimento, sem se ligar diretamente à gestão de uma organização. É o caso do americano Ashton Kutcher. Ele comprou ações de estrelas do mundo online, como FourSquare, Airbnb, Spotify e Uber. Para isso, conta com uma boa rede de relacionamentos. Foi o superinvestidor Marc Andreesen quem indicou a Kutcher investir no software de telefonia pela internet Skype em 2009. Quando a empresa foi vendida para a Microsoft, dois anos depois, por US$ 8,6 bilhões, o seu dinheiro triplicou de valor.