O cenário de juros e inflação nos patamares mais baixos desde o início do Plano Real abriu oportunidades únicas para as empresas do sistema financeiro brasileiro. A avaliação é do CEO da plataforma de investimentos Warren. Tito Gusmão. Ele falou sobre os planos da empresa para os próximos anos.

Qual sua expectativa a respeito do mercado de capitais no Brasil?
O mercado vive um momento único. A oportunidade é gigante porque 93% dos brasileiros investem seus recursos nos bancos. Porém, banco não é lugar de deixar dinheiro, porque o banco tem produtos ruins. Quase R$ 1 trilhão estão investidos na poupança. Só que, com a taxa básica de juros a 2% ao ano, as pessoas não podem mais deixar o dinheiro parado em qualquer aplicação. O juro baixo é a gasolina que leva os brasileiros da renda fixa para a renda variável.

Não há nada de renda fixa que valha a pena? Ela vai desaparecer?
Como investimento de longo prazo, não. Ela é útil para o investidor guardar sua reserva de emergência. Aquele dinheiro que serve para resolver problemas repentinos e precisa estar disponível para ser sacado a qualquer momento. Por exemplo, situação de desemprego, acidente, doença na família. O ideal é ter um volume de dinheiro guardado equivalente a seis meses de salário, pelo menos. Isso vale para investidores de todos os perfis, dos mais conservadores aos mais arrojados. Mas a renda fixa não vai desaparecer, ela vai ressurgir em produtos mais sofisticados.

Quais os planos da Warren para os próximos anos?
Recentemente recebemos aporte de R$ 120 milhões. Vamos usar esse dinheiro para expandir nossos negócios, em um plano que vai até o fim de 2021. Temos R$ 3 bilhões sob gestão e queremos chegar a R$ 10 bilhões. Temos 300 funcionários e queremos contratar mais 100. Mantemos sete espaços físicos em três estados e pretendemos expandir essa rede para até 20, de modo a atender clientes de alta renda.
E vamos aumentar o número de parceiros ativos dos atuais 200 para 400.

Quem investe pela Warren?
Hoje, 30% vêm por indicação. Temos uma área na plataforma para que o investidor indique outro. Outros 70% vêm por meio de nossas campanhas digitais nas redes sociais. Investimos muito em educação. Na nossa análise, o educacional tem um peso entre 10% e 20% na decisão das pessoas de investirem conosco.

Haverá mudanças na remuneração dos agentes de investimento, que tem causado polêmica?
Sim, mas essa mudança acontecerá aos poucos. O modelo de comissões é pouco transparente. O modelo que cobra um percentual do cliente vai prevalecer, por ser mais transparente. Não existe corretagem zero como as corretoras que adotaram o modelo de comissionamento fazem acreditar. A corretagem é cobrada de outra forma, apenas isso. Além do mais, o modelo de cobrar um percentual do cliente já é obrigatório na Inglaterra e prevalece nos Estados Unidos. O Brasil seguirá o mesmo caminho.

PARCERIA
Banco e fintech se juntam para oferecer crédito

A InoveBanco e o BTG Pactual Business, unidade do BTG Pactual para pequenas e médias empresas, anunciaram uma parceria para conceder crédito aos seus clientes. Os estabelecimentos comerciais
que possuem a Inovepag, maquininha de cartão da InoveBanco, passarão a ter acesso a ofertas de crédito do BTG, com seis meses de carência e até 18 meses para pagar. Em julho, após a retração econômica inicial causada pela Covid-19, houve aumento na base de clientes da fintech em 18% e as transações subiram 38%.

CAMPANHA
Grana Capital levanta R$ 700 mil

A plataforma de crowdfunding SMU anunciou na terça-feira (1) a captação de R$ 700 mil para a startup Grana Capital, do Rio de Janeiro. O resultado foi festejado porque foram necessários apenas quatro dias para a SMU atingir 100% das cotas reservadas. A campanha teve início na quinta-feira (27 de agosto) e foi encerrada no domingo (30). A Grana Capital é uma fintech que, por meio do seu aplicativo, busca descomplicar para o investidor as operações na Bolsa de Valores. A ferramenta une, no mesmo app, cálculos, pagamentos e declaração de Imposto de Renda.

Número da semana 2,74% 

Foi o percentual de alta do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrado em agosto, segundo informação da Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgada na terça-feira (1). O índice acumula alta de 9,64% entre janeiro e agosto, e de 13,02% em 12 meses. Para efeito de comparação, em julho a inflação medida pelo IGP-M havia sido um pouco menor, de 2,23%. Em agosto de 2019, o índice havia registrado uma deflação (queda de preços) de 0,67%, e uma alta acumulada de 4,95% em 12 meses. De acordo com o coordenador dos índices de preços da FGV, André Braz, na apuração de agosto o índice de preços ao produtor respondeu pela aceleração do IGP-M. “Entre as matérias-primas brutas, o destaque foi o minério de ferro, que subiu 10,82% e respondeu por quase 30% do resultado”, afirmou ele. Braz também afirmou que entre os bens intermediários, a principal influência partiu dos materiais para a manufatura, cuja taxa passou de 0,84% para 2,66%. Entre os bens finais, o destaque foi a aceleração da taxa dos alimentos in natura, que passou de -14,63% para -4,28%.