O fundador do Instituto Gerando Falcões, Eduardo Lyra, foi o entrevistado da live da Dinheiro na segunda-feira (17). Na conversa com a editora da revista Dinheiro Rural, Lana Pinheiro, ele conta sobre a vida de resiliência dele, o empreendedorismo social no Brasil e os bastidores de sucesso do instituto de que é CEO. “Queremos descentralizar o investimentos sociais no País”, afirma.

Lyra dedica sua vida a viabilizar projetos de impacto social em periferias e favelas do Brasil. No discurso, seu sonho é mandar a favela para o museu. Com sua organização não-governamental, tornou-se um dos mais ativos empreendedores sociais do País. Nascido numa favela em Guarulhos (SP), ele rompeu com a miséria, estudou jornalismo e descobriu que podia tentar mudar o mundo escrevendo histórias inspiradoras. “Deixamos de ser uma ONG que atua na favela e nos tornamos uma plataforma de impacto social. O Brasil precisa de brasileiros que tenham sonhos”, diz.

Criado em 2011, o Instituto de Lyra trabalha com uma rede de apoio e aceleração dos trabalhos de outras ONGs que atuam em periferias e favelas de todo o Brasil. Seu foco são iniciativas transformadoras, capazes de gerar resultados de curto, médio e longo prazo. Os projetos se baseiam em educação, esporte e cultura para crianças e adolescentes, além de qualificação profissional para jovens e adultos.

Com a pandemia, a organização dirigida por Lyra captou, junto às grandes empresas, milhões de reais e beneficiou cerca de 350 mil famélicos, em três meses. “Doar é tão importante como votar”, afirma. “O [Jorge Paulo] Lemann me levou a Harvard [University] e eu trouxe o Lemann para favela.”

Autor do livro “Jovens Falcões”, que narra a trajetória de 14 jovens empreendedores que empurram a humanidade para a frente, ainda na faculdade, foi considerado repórter revelação pelo Instituto Itaú Cultural. Esteve por duas semanas entre os mais vistos do YouTube, alcançando mais de um milhão de visualizações levando a mensagem de que todos podem. Em função do trabalho que faz à frente da ONG Gerando Falcões, ele foi selecionado pelo Fórum Econômico Mundial como um dos quinze jovens que podem mudar o mundo, entrando assim para o time do Global Shapers, braço de desenvolvimento de ações de impacto positivo lideradas por jovens no mundo todo do Fórum. “O Brasil perde muitos talentos todos os dias por dramas educacionais”, avalia.

Lyra, na live, diz acreditar que crianças, jovens e lideranças da periferia podem avançar na luta contra a miséria e a pobreza empreendendo. “Queremos formar jovens com oportunidade. Fabricar caminhos alternativos para interromper o ciclo de pobreza nas favelas brasileiras.” Para ele, ter nascido em ambiente de muita dor, de muita escassez, estimulou a busca, na falta de oportunidades, pelo trabalho de empreender, que é uma forma de transformação social.

Na entrevista, ele afirma que o discurso inspirador da mãe gerou o impacto transformador que precisava na vida. “Ela fechou a lacuna deixada pelo Estado e gerou em mim uma força emocional muito grande. O Edu que está aqui hoje é quase um erro, porque poderia ter dado qualquer outra coisa, mas me tornei um empreendedor social. Eu acho que o desafio nosso no Brasil é não ter só uma única história de exceção. Só o investimento a longo prazo vai fazer com que histórias como a minha deixem de ser exceções para se tornarem regras no Brasil.”

Para o CEO do Instituto Falcão, o Estado precisa repensar como retomar as favelas, as comunidades, com ações públicas, com ofertas de serviço sociais e, realmente, com investimentos que possam transformar e oferecer uma vida cidadã para as populações mais pobres do País.

Lyra aposta no projeto – “Cidades inteligentes para dentro da favela” – como seu trabalho de vida nos próximos anos. “Construímos uma trilha pedagógica com experiências reais”, afirma. Na live, ele revela que já tem o município em que o Instituto vai implantar o programa. Apesar de não poder revelar o nome, ele garante que terá um impacto gigantesco. “Acho que quando a sociedade civil está conectada ao terceiro setor, ao empreendedorismo social, tem-se uma capilaridade, uma capacidade de ampliar, um impacto muito grande. O Brasil tem a capacidade de produzir prosperidade, igualdade, pontes de tecnologia sociais para ir além do auxílio emergencial, que é extremamente relevante.”