Depois de dois anos e variantes mais agressivas e contagiosas, os dados mostram que os casos de Covid-19 no Brasil finalmente parecem ter encontrado uma curva para baixo da montanha. Os estragos são irrecuperáveis: 650 mil mortos. No sábado (12) vai se completar dois anos da primeira vítima fatal. Agora (dados até 20h do dia 2), com 82,6% da população tendo tomado pelo menos uma dose, com 72,3% tendo feito o clico vacinal completo, 30,2% imunizado com a dose de reforço e tudo aliado a uma população aderente ao uso de máscara, o país pode literalmente voltar a respirar. E a dar esperança econômica para anos de letargia e retrocesso. A média móvel de mortes na semana encerrada dia 1º de março em relação à semana encerrada 15 dias antes caiu 26% e a média móvel de novos casos recuou ainda mais, 46%. Os bons dados poderiam, ironicamente, ajudar Jair Bolsonaro em sua missão para mais quatro anos como presidente. Mas para isso ele terá de inverter um recall duríssimo: segundo pesquisa Ipespe realizada no fim de fevereiro, 63% dos brasileiros desaprovam sua gestão e 56% classificam como ruim/péssima sua performance no combate à pandemia.

Pelo menos uma dose 82,6%
Ciclo vacinal completo 72,3%
Dose de reforço 30,2%

O jogo que o Brasil não joga

Fabio X

Entrar no futuro exige planejamento feito hoje. Não será o caso brasileiro na decisiva indústria de baterias para mover um mundo sob veículos elétricos. Quem liderou essa corrida em 2021 e como deve ser daqui três anos, quando a produção irá dobrar. (em GWh = gigagawatts/hora)

RECUPERAÇÃO LENTA
Turismo global cresce, mas devagar

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Segmento que movimenta dinheiro direto na veia das economias, o turismo internacional conseguiu crescer um pouco em 2021 (4%) contra o desastre que foi 2020 (queda de 73%). Foram pouco mais de 15 milhões de chegadas de turistas internacionais. Isso significa que a atividade no setor segue 72% abaixo de 2019, o último ano antes da pandemia. A contribuição econômica do setor no PIB dos países, no entanto, foi bem melhor e deve fechar o ano com US$ 1,9 trilhão, R$ 300 bilhões acima de 2021, alta de 18,7%, mas muito abaixo dos US$ 3,5 trilhões de 2019. O relatório divulgado pela Organização Mundial do Turismo (UNWTO) em seu painel com profissionais do mercado mostra que 61% esperam para 2022 um ano melhor que o passado, mas para 64% os índices de 2019 só serão alcançados em 2024. No documento, a organização diz que “enquanto o turismo internacional se recupera, o turismo doméstico continuará impulsionando o setor e as viagens domésticas serão alimentadas pela procura de destinos mais próximos de casa e de baixa densidade populacional”.

PARA AMERICANO VER
O liberal Paulo Guedes: só que nos EUA

Fabio X

Na terça-feira (1º), o ministro Paulo Guedes participou de um evento da Brazilian American Chamber of Commerce, em Nova York, e vestiu seu terno de liberal – dress code que não consegue adotar quando fica perto do seu chefe, em Brasília. Anunciou que haverá redução de Imposto de Renda para estrangeiros em aplicações feitas em títulos de dívidas de empresas brasileiras. Hoje a alíquota é de 15%. Isso significará crédito mais barato para elas. Estima-se que a medida represente renúncia fiscal de meio bilhão de reais por ano, e a medida não precisa passar pelo Congresso. Em seu tour americano, que também inclui passagem por Miami, o ministro ainda aproveitou para falar algumas bobagens, como festejar a taxa de desemprego de dois dígitos, zombar da inflação (“Já vivemos com 5.000%, então 10% para nós é brincadeira de criança”) e minimizar os estragos de todos os tipos cometidos por seu chefe (“Ele tem más maneiras, mas é um cara legal”).

MMA DO LUXO
Cartier acusa Tiffany

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Se existe uma luta em que luvas de pelica serão necessárias, será a batalha entre Cartier e Tiffany. A primeira, do grupo suíço Richemont, apresentou na segunda-feira (1º) nos Estados Unidos queixa contra a segunda, que pertence ao conglomerado francês LVMH. A acusação é de concorrência desleal. A Cartier diz que uma gerente sua foi contratada pela Tiffany para passar informações sobre a coleção de alta joalheria, com peças que custam entre US$ 50 mil e US$ 10 milhões. A funcionária, Megan Marino, durou pouco no novo cargo e foi demitida pela Tiffany apenas cinco semanas depois. “Ela (Tiffany) estava mais interessada em me contratar como fonte de informação do que como gerente de alta joalheria”, teria afirmado Megan no processo, segundo a agência Reuters. A Tiffany nega as acusações.

INTERNACIONAL
China de olho na ‘Silver Economy’

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Em oito anos, 10% do PIB chinês deverá ser movimentado pelas pessoas da chamada Silver Economy, a turma com 60 anos ou mais. Será a primeira vez na história do país que esse contingente responderá por dois dígitos da economia. Em 2050, eles representarão até 21% do consumo. A China tem 264 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o que significa 18,8% da população total de 1,4 bilhão.

“Operações militares especiais”
Essa é a expressão utilizada pela mídia estatal chinesa para a invasão da Ucrânia pela Rússia, segundo Evelyn Cheng, correspondente em Pequim da rede americana de economia & negócios CNBC. É a mesma usada por Vladimir Putin.