Em sua quarta tentativa de listagem, a companhia aérea Azul, mais uma vez, teve seu IPO (Oferta Inicial de Ações, na sigla em inglês) adiado, na quinta-feira 6. Dessa vez, no entanto, o motivo não foi a condição desfavorável do mercado, como ocorreu em 2013, 2015 e 2016, e sim uma decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A autarquia adiou o processo por 30 dias, o que joga o desfecho para meados de maio. A oferta de ações aconteceria simultaneamente na B3 (ex-BM&FBovespa), em São Paulo, e na Bolsa de Nova York, na sexta-feira, 6 de abril. Segundo pessoas envolvidas na operação, o papel estava sendo cotado a R$ 21, o que movimentaria cerca deR$ 2 bilhões.

A decisão da CVM foi baseada em vídeos postados no site do road show (que já foram retirados do ar), com informações que não constam no prospecto da oferta enviado à reguladora de mercado de capitais. Isso descumpre a norma 400 da CVM, que determina que o material publicitário não pode conter informações diferentes das do prospecto. Segundo fato relevante da Azul, o problema foi a divulgação da projeção da valorização da fatia da Azul na Tap que, segundo a aérea brasileira, poderia chegar a US$ 400 milhões nos próximos anos.

DIN1013-azul2Em março de 2016, a empresa fundada por David Neeleman investiu US$ 100 milhões em títulos conversíveis em ações preferenciais da TAP, o que lhe deu o direito de adquirir 40% da aérea portuguesa. A suspensão do IPO não alterou a rotina de muitos gestores de fundos ou analistas brasileiros, ao contrário do que aconteceu na retirada da oferta da Tenda, da construtora MRV, em dezembro. Na semana passada, quando houve o processo de precificação das ações, poucos gestores ou analistas estenderam o expediente.

O gestor de um dos fundos de ações mais rentáveis no ano declarou à DINHEIRO que não se animou nem em ler o prospecto. “As empresas aéreas no Brasil funcionam às avessas do resto do mundo. Quando o combustível está barato, não há demanda. E quando está caro, a empresa sacrifica sua rentabilidade porque o querosene de aviação, cotado em dólar, responde por mais de 40% das despesas.” Para os analistas, a maior parte da demanda pelas ações da Azul virá do exterior, como ocorreu com Movida e Hermes Pardini.