Na segunda-feira (22), todas as 320 lojas do Habib’s amanheceram com uma grande faixa com a mensagem “passo o ponto”. A expressão, bastante utilizada quando um comércio encerra as atividades e está à procura de um novo proprietário, atraiu a atenção de clientes, que questionaram o fechamento das unidades da rede especializada em comida árabe. E esse burburinho era exatamente o objetivo da jogada de marketing. Com início na quarta-feira (24), a ação marcou o lançamento de um clube de fidelidade, o Habibers. Nele, o consumidor ganha um ponto por real gasto. O programa, disponível dentro do aplicativo da companhia, ganhou prioridade após a pandemia, período que apresentou queda de quase 90% no movimento da rede. A novidade, de acordo com a empresa, pretende aumentar o fluxo de consumo de clientes assíduos. É o que espera a diretora de estratégia e herdeira da companhia, Bruna Saraiva. “Prevemos dobrar o número de downloads do nosso aplicativo e alcançar 10 milhões de novos usuários neste ano. Quem sabe ainda no primeiro semestre.”

Esse crescimento no fluxo de consumo é importante para o Habib’s. A minúscula margem de lucro, com esfirras que partem de R$ 1,45, gera a necessidade de uma rotatividade muito alta para alcançar lucro. Sem divulgar o valor investido na estratégia, a companhia fundada em 1988 entrou na onda dos influenciadores e pretende utilizar essa tendência a seu favor. E da melhor forma: com baixo custo. Além de divulgar o clube de fidelidade por meio de influencers, a rede vai possibilitar que o cliente receba, em pontos e até em dinheiro, por postagem que cite a marca. A diretora de estratégia explica que o benefício acontecerá somente para consumidores que sigam as regras. “Os clientes ganharão pontos pelas postagens e as melhores serão remuneradas”, disse. Além do Habibers, a companhia lançou uma mudança visual no logotipo.

Rafael Roncato

“Prevemos dobrar o número de downloads do aplicativo e alcançar 10 milhões de novos usuários” Bruna Saraiva Diretora de Estratégia e herdeira do Habib’S

Essa não é a primeira vez que a marca recebe destaque por vias não convencionais. O lançamento da coxinha de mortadela, em 2016, durante o impeachment da presidente Dilma Rousseff, causou azia para franqueados da marca. Encampada por uma iniciativa pessoal do presidente Alberto Saraiva, assumidamente pró-impeachment, a jogada de marketing fazia referência aos apelidos recebidos pelos apoiadores da direita (coxinhas) e aos esquerdistas (mortadelas). À época, a ideia resultou em manifestações, fachadas de unidades destruídas, boicotes por parte de clientes e reclamações de franqueados. Agora, a ideia é gerar mais polêmica e exposição. Com menos desafetos.