Cientistas investigam uma estranha emissão de ondas que pode ter chegado à Terra a partir de um planeta de fora do Sistema Solar e avaliam se ela poderia ser considerada um indício de vida extraterrestre.

Especialistas dizem que há indícios de que o sinal teria partido de Proxima Centauri b, o exoplaneta que orbita a estrela Proxima Centauri, a mais próxima do Sol, em uma região considerada potencialmente habitável.

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Os astrônomos creem que Proxima Centauri b, planeta a 4,2 anos-luz da Terra, tenha uma superfície rochosa e fontes de água líquida. Algumas medições também indicam que poderia ter uma atmosfera, como ocorre na Terra.

A Nasa classifica Proxima Centauri b, descoberto em 2016, como um exoplaneta ligeiramente maior do que a Terra. As ondas foram detectadas em 2019 por um radiotelescópio gigante instalado na Austrália e, desde então, grupos diferentes de cientistas tentam entender a descoberta.

Entre as hipóteses avaliadas está a de que a origem das ondas esteja ligada a alguma forma de vida fora da Terra.

“Foi um sinal que apareceu uma vez e não voltou a se repetir. Tinha uma frequência diferente da que emitem os dispositivos terrestres como satélites e espaçonaves”, explicou à BBC Mundo a pesquisadora Mar Gómez, doutora em Ciências Físicas pela Universidade Complutense de Madrid.

O Observatório Parkes está localizado no Estado de Nova Gales do Sul, na Austrália. É chamado de “O Prato” por conta do radiotelescópio que funciona ali há 50 anos. Foi ele que detectou o sinal estranho. Ele já foi usado em várias missões espaciais e compartilha informações com diferentes organizações, como a Nasa.

“Estamos falando de um telescópio muito importante. Temos que lembrar que ele foi utilizado para receber imagens da aterrissagem da Apolo 12 na Lua”, comenta Gómez.

A pesquisadora acrescenta que o observatório também colabora com outras missões como os projetos de busca por inteligência extraterrestre (SETI, na sigla em inglês). A estranha emissão de ondas chamou a atenção dos cientistas.

“Como no espaço não há som, a única forma que temos para nos comunicarmos, assim dizendo, são ondas de rádio. Nós podemos emiti-las ao espaço exterior. Talvez em outro planeta ou sistema estelar exista uma forma de vida que tente se comunicar dessa forma”, afirma.

O projeto Breakthrough Listen, que se dedica à observação e à análise da busca de sinais de vida no Universo, também investiga os sinais.

Trata-se de um fundo de US$ 100 milhões (R$ 520 milhões) que contou com o apoio do astrofísico Stephen Hawking na época de seu lançamento (2015).

Segundo o diário britânico The Guardian, o Breakthrough Listen publicará um relatório sobre os sinais de rádio detectados na Austrália nos próximos meses.