Cuidado! O maior inimigo das grandes empresas e das multinacionais desembarca no País nesta segunda-feira, 22. José Bové, o agricultor francês e um dos principais ativistas mundiais contra a globalização, deve ser a estrela mais reluzente do Fórum Social Mundial, de 25 a 30 de janeiro, em Porto Alegre. O evento promete ser uma resposta simultânea ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que tradicionalmente acontece na última semana de janeiro. Lá, campeões do capitalismo vão debater os rumos da economia mundial. Aqui, representantes de países em desenvolvimento, uma constelação de ONGs e um exército de pensadores e ativistas alternativos pretendem discutir direitos humanos, justiça social e crescimento sustentável. ?Não temos o que fazer em Davos?, disse Bové à DINHEIRO, por telefone, do interior da França. ?Lá, fomos recebidos pela polícia. Porto Alegre será uma alternativa para nós.? Ele é enfático: ?Eu e os brasileiros temos um adversário comum, as grandes corporações.?

Pequeno produtor de queijo roquefort, Bové saiu do anonimato em 1999, ao liderar um grupo de agricultores na desmontagem de uma lanchonete McDonald?s em construção, na cidade de Millau. Foi a forma que ele encontrou para protestar contra a taxação de 100% imposta, na época, pelos Estados Unidos, à importação de produtos franceses. O ataque ao McDonald?s rendeu a Bové 28 dias de prisão. Em compensação, alcançou o posto de líder mundial contra a globalização, passou a ser requisitado em manifestações por toda a Europa e foi eleito pela Business Week uma das 50 personalidades mais dinâmicas do continente.

Em Porto Alegre, o Fórum desperta apreensão. ?A presença dos ativistas pode incitar os sem-terra a promover mais invasões no Estado?, disse o presidente da Federação da Agricultura, Carlos Sperotto, a André Jockymann, da DINHEIRO. ?Tudo pode virar bagunça?.

O Fórum vai se realizar no Centro de Convenções da PUC, no bairro do Paternon. Defronte à entrada existe uma recém-construída lanchonete McDonald?s. O gerente Leandro está atento. ?Se for preciso, vamos arrumar mais seguranças.? Em São Paulo, um porta-voz diz que a rede espera que o encontro ?se realize dentro da mais absoluta normalidade?. A atividade do primeiro dia, já se sabe, é uma passeata.