Há um par de décadas, era impossível imaginar um jogo de tênis sem que pelo menos um dos competidores estivesse usando camisas, shorts, meias e tênis da Lacoste. A marca do crocodilo tinha presença garantida dentro e, até mesmo, fora das quadras, pois virou sinônimo de elegância e sofisticação entre os homens de bom
gosto. Aos poucos, as roupas Lacoste foram sumindo dos torneios clássicos como Roland Garros e Wimbledon. Nas camisas dos jogadores, o crocodilo deu lugar a imagens como as três listras da Adidas, o símbolo grego da Nike, o R estilizado da Reebok e outras marcas cuja força estava nos milhões de dólares em patrocínio derramados sobre os atletas do tênis. O sumiço da Lacoste das quadras marcou o fim da era romântica do esporte. Agora, a Lacoste adquire fôlego novo e decide enfrentar os inimigos com tacadas ousadas: coleções coloridas assinadas por designers, lojas futuristas e marketing agressivo.

 

O romantismo só ficou mesmo na própria origem da saga Lacoste. A missão agora é rejuvenescer a marca e foi definida pelos irmãos Bernard e Michel Lacoste, filhos do fundador René Lacoste (falecido em 1996), que criou a marca em 1923. À frente de um império que vende 25 milhões de peças para 100 países e fatura US$ 1 bilhão por ano, os irmãos Lacoste estão sacudindo o sonolento crocodilo. Em 2001, pela primeira vez, a Lacoste integrou o calendário oficial de moda em Paris. Isso foi possível graças à chegada do estilista Christophe Lemaire ao grupo, há dois anos. Lemaire foi contratado para resgatar o glamour da Lacoste e, ao mesmo tempo, dar um ar de modernidade à marca. Na mesma trilha das grifes badaladas, a Lacoste faz parcerias para entrar em novos segmentos de consumo. Com a Samsonite, uma das maiores fabricantes de malas do mundo, a Lacoste fechou acordo para produção de uma linha de malas de viagem; com a Procter & Gamble, o acordo deu origem a uma linha de cosméticos.

 

Entre os novos lances da Lacoste, havia um que era questão de honra: voltar às quadras em grande estilo. Nos próximos dois anos, a empresa será a patrocinadora oficial dos tenistas Bernhard Langer e Sebastien Grosjean, que ficou em 6o lugar em 2001. Além disso, a Lacoste preparou uma campanha publicitária mundial que foi veiculada este ano na Europa para mostrar o novo perfil da grife. No Brasil, a indústria têxtil Paramount é a licenciada exclusiva para produção e distribuição dos produtos Lacoste. De acordo com Fuad Mattar, dono da empresa e pai do ex-tenista Luís Mattar, a Lacoste continua exigindo um alto padrão de qualidade de seus produtos. ?A cada três meses, a matriz envia engenheiros de produção para acompanhar os processos produtivos e a cada seis meses nós enviamos nossos profissionais para a fábrica central que fica em Troyes, perto de Paris?, diz Mattar, que vende um milhão de peças da Lacoste no País.

Um apelido fadado ao sucesso poderia ser a primeira frase
da história da grife, criada por René Lacoste, um dos membros da equipe de tênis da França que dominou as quadras mundiais
na década de 20. Certa vez, o técnico de René prometeu-lhe uma mala de pele de crocodilo que o jovem de 19 anos havia visto em uma vitrine caso ele ganhasse uma importante disputa em Boston, nos Estados Unidos. René perdeu o jogo e a história chegou aos ouvidos de um jornalista que escreveu: ?Lacoste não ficou com a mala, mas jogou com a tenacidade e concentração de um crocodilo na hora de dar o bote?.