Um dos maiores símbolos da cultura pop, o Mickey Mouse completa 90 anos de história. Não é mais o camundongo malandro e atrevido da época da primeira aparição no nova-iorquino Colony Theatre, em 18 de novembro de 1928, onde foi lançado o curta-metragem animado Steamboat Willie. Ao longo dos anos, Mickey foi mudando de rosto e de formato, tornando-se, pouco a pouco, um ícone da família e da ascensão da classe média americana no pós-guerra. Idealizado por Walt Disney, mas batizado por sua esposa Lilian Bounds, o rato ganhou o mundo e fez bilhões de dólares para a Disney.

A franquia Mickey e Minnie é licenciada para diversas categorias de produtos e representa 30% do volume de vendas entre os produtos da empresa, que apresentou receita de US$ 59,4 bilhões no último ano fiscal encerrado em 30 de setembro. Só de licenciamentos, estima-se que a marca Mickey fature mais de US$ 5 bilhões anuais. O portfólio de produtos é extenso. A imagem do ratinho está em brinquedos, mochilas, cadernos, camisetas, chaveiros, bonés e muitos outros acessórios. “O Mickey traz associações que são bastante emocionais e que se remetem à infância”, diz Eduardo Tomiya, CEO da Kantar Consulting na América Latina.

No Brasil, 31 marcas trabalham com licenças do camundongo. Disso nascem 236 linhas de produtos — o que só é possível porque a Disney conseguiu expandir a lei americana de direitos autorais nas últimas décadas. “A Walt Disney tem sido historicamente uma das empresas mais influentes em emendas à lei de copyright nos Estados Unidos”, diz Zach Fuller, analista da consultoria britânica Midia Research. De acordo com a atual lei de propriedade intelectual americana, de 1997, Mickey cairá em domínio público em 2023. Isso significa que a Disney não poderá mais explorar comercialmente o camundongo a partir dessa data. Resta saber qual será a magia da empresa junto ao congresso americano para estender novamente o prazo, como já aconteceu em 1979 e 1997. Pela lei original, de 1909, Mickey deveria estar em domínio público desde 1984.