Os humores do empresariado paulista costumam ser um termômetro preciso sobre expectativas, aflições e confiança em relação ao País. A julgar pelos números levantados em pesquisa patrocinada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e realizada pelo Instituto Vox Populi com 401 industriais de pequeno, médio e grande porte, há uma crença coletiva de que as condições são mais do que propícias para o crescimento da economia e, por extensão, dos negócios de cada um. ?Existe um inegável bom pressentimento?, afirma Clarisse Messer, diretora do Departamento de Pesquisas Econômicas da entidade. O otimismo verificado deve-se, segundo ela, à retomada do crescimento no ano passado, à queda gradual e contínua dos juros, à estabilidade política e à condução da economia sem solavancos.

Para se ter uma idéia da dimensão do otimismo verificado, 70% dos industriais entrevistados afirmaram que planejam investir em pesquisa e desenvolvimento de produtos em 2001 e metade deles vão dar prioridade à melhoria de linhas de produção. Outro destaque da pesquisa é o aumento da previsibilidade de estoques, que vem aumentando. Do total de entrevistados, 80% consideraram de baixa prioridade a ampliação de estoques, dado interpretado como redução de custos.

Henry Goffaux, presidente da Prensas Schuller no Brasil, espelha bem o entusiasmo do setor de máquinas e ferramentas, o que mais contratou no ano passado. Classificando o ano de 2000 como o melhor dos últimos cinco para o segmento, ele prevê que na rasteira das boas vendas do último semestre, da estabilidade política e da redução dos juros em curso, 2001 tem tudo para ser ainda melhor que o ano passado. ?O único entrave pode ser a recessão norte-americana, mas estamos trabalhando com previsão de investimentos de US$ 5 milhões por acreditarmos num bom ano?, diz.

Tamanha animação também é refletida em outros indicadores. O chamado ?índice de confiança?, uma nota de zero a dez dada pelos empresários para classificar a condução do governo, passou de 5,1 na pesquisa anterior para o 5,6 em dezembro. Em outras palavras, a indústria paulista está acreditando mais na condução econômica do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Entre as notas dadas pelos empresários, vale destacar que a avaliação da situação econômica do Brasil hoje passou de 5,2 para 5,7. Até a situação social brasileira, a lanterninha na última pesquisa com nota de 3,5, recebeu melhor avaliação e foi para 3,7.

Tanta esperança em 2001 acabou causando um certo embaraço no presidente da Fiesp, Horácio Lafer Piva. Depois de um cabo de guerra com o governo por causa da quebra de sigilo fiscal, Piva recuou na última semana frente aos resultados da pesquisa. Sem espaço para dar suas habituais alfinetadas no governo, alegou muito trabalho na Klabin e evitou divulgar, como sempre faz, os resultados da pesquisa trimestral.